Folha de S. Paulo


Grupo fecha pista da av. Paulista em ato contra prisão de manifestantes

A avenida Paulista, na região central de São Paulo, teve a pista sentido Consolação bloqueada na noite desta quinta-feira (26) por cerca de 300 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. O grupo protesta contra a prisão de dois manifestantes em um ato anti-Copa, na última segunda (23).

Policiais militares tentaram impedir a interdição da via no início do protesto, mas ela acabou acontecendo por volta das 19h, na frente do Masp. Com isso, a cavalaria e a "tropa do braço" –que atua sem armas– fizeram um cordão de isolamento na avenida para tentar impedir que os manifestantes saiam em passeata.

Segundo o padre Júlio Lancelotti, que participa da manifestação, a PM condicionou a saída do grupo da avenida Paulista a definição de um trajeto e que ele não interfira nas rotas para a Fan Fest, como a rua Augusta e a rua da Consolação.

Mais cedo, Lancelotti já tinha negociado a saída do protesto com o comandante da PM, mas o tenente-coronel Marcelo Pignatari disse que se não tivesse liderança, não haveria manifestação.

"Ele disse que não vai deixar acontecer a passeata se não tiver um líder e isso é um prenúncio de que a polícia pode ser violenta com os manifestantes. Eu pedi em nome da arquidiocese para que eles não usem a violência nem prendam inocentes", afirmou o padre.

Os manifestantes gritam palavras de ordem como: "Libertem nossos presos, manifestar é um direito" e "Não não não à repressão. Libertem os presos".

A PM afirmou que o policiamento foi reforçado no local, com mais policiais do 11º Batalhão, com a cavalaria e com homens da Operação Delegada que já costumam atuar na região.

PRISÕES

O professor Rafael Marques Lusvarghi, 29, e o estudante Fábio Hideki Harano, 26, foram presos na última segunda-feira, em um protesto anti-Copa, também na avenida Paulista. As prisões aconteceram após uma passeata pacífica pela via. As defesas dos dois já pediu habeas corpus, mas o pedido ainda não foi decidido pela Justiça.

Os dois são acusado de cinco crimes: associação criminosa, incitação da violência, resistência à prisão, desacato à autoridade e porte de artefato explosivo. Pelo Código Penal, associação criminosa é quando três ou mais pessoas se unem para cometer crimes. A pena é de um a três anos de reclusão e a fiança só pode ser determinada por um juiz.

A defesa de ambos os manifestantes alega que eles não se conheciam. Lusvarghi foi preso ao lado de uma banca de jornal, enquanto Harano já estava dentro de uma estação do metrô.

Na manhã desta quinta, funcionários da USP organizaram um outro protesto pela libertação dos dois jovens. O grupo fechou a entrada da universidade e depois seguiu em passeata até o Palácio dos Bandeirantes, onde uma comissão se reuniu com representantes do governo estadual. Harano é aluno e funcionários da USP.


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