Folha de S. Paulo


Funcionários da USP encerram protesto contra prisão de manifestante

Funcionários da USP encerraram manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo Paulista, após serem recebidos por uma comissão da Casa Civil.

Os funcionários protestaram contra a prisão do estudante e servidor da USP Fábio Hideki Harano. Ele e Rafael Marques Lusvarghi, 29, foram presos em flagrante durante manifestação na avenida Paulista ocorrida na segunda-feira (23).

Segundo dirigentes do Sintusp (sindicato dos funcionários da USP), eles se encontrarão no final da tarde com o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, para discutir a libertação de Harano.

Durante a reunião no palácio, representantes do governo também se comprometeram em agendar uma reunião dentro de 24 horas para discutir outras questões do sindicato. A ideia é tentar por um fim a greve nas universidades estaduais – professores e trabalhadores da USP, Unesp e Unicamp estão em parados desde maio.

Pela manhã, cerca de 350 funcionários, segundo a Polícia Militar, saíram em passeata da Cidade Universitária, na zona oeste da capital, até o Palácio dos Bandeirantes. A PM acompanhou a marcha, com viaturas da Força Tática e do Batalhão de Choque e não houve incidentes.

Mais cedo, os manifestantes bloquearam o acesso à Cidade Universitária, que foi liberado por volta das 9h30.

Segundo funcionários da USP, o protesto também é contra a falta de negociação da reitoria da instituição em relação aos salários da categoria.

Parte dos professores e funcionários da USP está em greve contra a proposta da reitoria de congelar a discussão sobre reajuste de salários ao menos até setembro.

"O ato já estava marcado para mostrar nossas reivindicações e pedir abertura de negociação. Mas quando o Fábio [Harano] foi preso, esta se tornou nossa causa número zero", disse Magno de Carvalho, diretor do Sintusp.

Na quarta-feira (25), Harano, conhecido entre os manifestantes como Japonês, foi transferido para o presídio de Tremembé (a 147 km de São Paulo). Lusvarghi está preso na delegacia de polícia do Belém.

Os dois foram indiciados sob a suspeita de terem cometido cinco crimes, entre eles o de associação criminosa, sujeito a pena de um a oito anos de prisão.

Outro protesto está marcado para acontecer nesta quinta (26). Grupos de manifestantes programaram um ato para às 17h, em frente ao Masp, na avenida Paulista, mesmo horário do jogo Coreia do Sul x Bélgica, no Itaquerão.

Procurada pela reportagem, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que "os objetos aprendidos [com os dois manifestantes presos] foram encaminhados à perícia e que as investigações apontam que os dois presos são 'black blocs'".

Segundo a polícia, foram apreendidos com os manifestantes um "capacete, artefato incendiário de fabricação rudimentar, máscara de proteção contra coquetel molotov, diversos papéis e panfletos com inscritos e manuscritos e uma garrafa de iogurte com forte odor de gasolina".

Já quanto as reivindicações trabalhistas da categoria, o Cruesp –que representa as reitorias das três universidades estaduais– defende a criação de grupos de trabalho com professores, funcionários, estudantes das três instituições para discutir a isonomia entre as três universidades, reajuste salarial, e assistência e permanência estudantil.


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