Folha de S. Paulo


Manifestante preso em ato em SP é transferido para presídio no interior

O manifestante Fábio Hideki Harano, 26, preso na segunda-feira (23), suspeito de cinco crimes, foi transferido na manhã desta quarta (25) para o presídio de Tremembé (a 147 km de São Paulo).

O ativista, que é estudante e servidor da USP, estava preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, desde a madrugada de terça (24). O professor Rafael Marques Lusvarghi, 29, preso no mesmo protesto, estava na carceragem do 8º DP (Brás) e também foi transferido para o CDP de Pinheiros, onde permanecia até a manhã desta quarta.

Segundo o advogado Renato Pincovai, Harano foi transferido para o interior a pedido do secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira. A pasta, porém, não confirmou a transferência do manifestante.

A penitenciária de Tremembé é conhecida como o "Presídio de Caras", onde estão presos Alexandre Nardoni e os irmãos Cravinhos. A unidade prisional também já recebeu outras pessoas presas durante manifestações na capital.

Avener Prado/Folhapress
Rafael Marques Lusvargh e Fabio Hideki Harano (à esq.) foram presos após protesto anti-Copa na av. Paulista
Rafael Marques Lusvargh e Fabio Hideki Harano (à esq.) foram presos após protesto anti-Copa na av. Paulista

De acordo com Pincovai, a prisão do ativista é uma tentativa do Estado apontar culpados para os atos de vandalismo registrados no protesto do último dia 19. "O secretário está querendo mostrar serviço pela fragilidade dele no outro movimento que depredaram as imediações da Paulista. O Fabio nada tem com os crimes contra ele imputados", disse.

Na ocasião, uma concessionária da Mercedes-Benz, na marginal Pinheiros, foi alvo de vândalos e teve carros com valor estimado em R$ 3 milhões depredados. Não há informações se Harano participou do protesto no dia 19.

O advogado espera que o pedido de liberdade provisória seja apreciado pela Justiça ainda nesta quarta. Caso Harano não seja liberado, Pincovai deve impetrar um habeas corpus diretamente no Tribunal de Justiça.

O ativista foi preso dentro da estação Consolação do metrô. Um vídeo da abordagem de Harano foi divulgada por manifestantes nesta terça, mostrando ele cercado por policiais e seguranças nas escadas de uma estação do metrô. Para eles, as imagens provam que a prisão foi arbitrária.

As imagens, porém, não deixam claro o que foi encontrado com o jovem.

RAFAEL

No mesmo protesto, a polícia ainda prendeu o professor e ex-policial militar Rafael Marques Lusvarghi. Para o secretário da Segurança Pública, estes foram os "primeiros 'black blocs' presos em flagrante" sob a acusação de associação criminosa.

Pelo Código Penal, associação criminosa é quando três ou mais pessoas se unem para cometer crimes. A pena é de um a três anos de reclusão e a fiança só pode ser determinada por um juiz..

A defesa de ambos os manifestantes alega que eles não se conheciam. Lusvarghi foi preso ao lado de uma banca de jornal, enquanto Harano já estava dentro de uma estação do metrô.

A Defensoria Pública afirmou que a Justiça ainda não havia se posicionado sobre o pedido de liberdade provisória de Lusvarghi até as 17h. A defesa pede que ele seja solto, pois ainda não há um processo contra ele.

A dupla é acusada de outros quatro crimes: incitação da violência, resistência à prisão, desacato à autoridade e porte de artefato explosivo.

Apesar das declarações do secretário, a polícia não informou quais artefatos foram apreendidos com eles nem quais critérios foram usados para enquadrá-los como "black blocs" –adeptos de tática de protesto que prega a destruição do patrimônio público e privado.


Endereço da página: