Folha de S. Paulo


Em reunião 'relâmpago', cúpula do PP aprova aliança com Dilma

A Executiva Nacional do PP (Partido Progressista) aprovou nesta quarta-feira (25) apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

A reunião, que durou poucos minutos, ocorreu a portas fechadas sem a convocação oficial da Executiva Nacional do partido –depois que a convenção nacional da sigla transferiu à cúpula do PP a decisão sobre a aliança nacional com o PT nas eleições de outubro.

Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) realizou a reunião da executiva em seu gabinete minutos depois do final da convenção —em que o congressista foi acusado de "golpe" para garantir o apoio da sigla a Dilma. Poucos integrantes da sigla participaram da reunião.

Na convenção, Nogueira colocou em votação apenas uma resolução de sua autoria que transferia a decisão sobre a aliança nacional à Executiva Nacional do PP. O presidente do partido não autorizou a votação de outra resolução, apresentada pela ala da sigla contrária ao apoio à reeleição de Dilma, que defendia a neutralidade do PP na disputa presidencial.

Nogueira negou que tenha praticado um "golpe" ao afirmar que a maioria do partido defende a aliança com o PT. "Dois diretórios apenas se rebelaram de forma inadequada, são 27 no total. As pessoas não querem ouvir a maioria. Sempre ouvimos democraticamente a todos. A maioria quer o apoio à presidente. Já está sacramentado o apoio. São dois diretórios que quiseram chamar a atenção", afirmou o senador.

Não foram colhidos votos dos integrantes da sigla para a aprovação da resolução, que ocorreu em menos de um minuto durante a convenção.

Nogueira teve que deixar o auditório no Senado onde foi realizada a convenção escoltado por seguranças. Ele quase foi agredido fisicamente por integrantes do PP contrários ao apoio a Dilma, entre eles o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). O senador seguiu para o seu gabinete sem se manifestar sobre os ataques.

Ao deixar o auditório, integrantes do PP jogaram bolinhas de papel sobre Nogueira, com gritos de "vendido", "covarde" e "vergonha". A ala contrária à aliança com o PP estuda ingressar com ação na Justiça Eleitoral para anular o resultado da convenção –o que também inviabilizaria a reunião da Executiva Nacional. O grupo diz ter o apoio de sete diretórios do partido contra a aliança com Dilma: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Ceará, Santa Catarina, Amazonas e Goiás.

"De forma pouco democrática, se colocou a votação de apenas uma proposta. Entendemos que essa convenção está sem validade porque não houve manifestação majoritária, nem liberação dos convencionais", disse a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), candidata ao governo do Rio Grande do Sul.

Os dissidentes defendiam a neutralidade da sigla para apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência. Na resolução aprovada, o partido também libera os Estados para firmarem livremente coligações, sem seguir a decisão que for tomada pela Executiva Nacional.


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