Folha de S. Paulo


Ala do PP defende que o partido não apoie reeleição de Dilma Rousseff

Com o apoio da ala do PP (Partido Progressista) contrária à manutenção do apoio do partido à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho (PP) apresentou nesta quarta-feira (25), durante convenção nacional da sigla, moção para que o PP se declare neutro na disputa à Presidência da República em outubro.

O governador, que era vice-de Antonio Anastasia (PSDB), fiel aliado de Aécio, tem o apoio de diretórios do PP em sete Estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Ceará e Goiás.

O movimento é liderado no partido pelo presidente de honra da sigla, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que defende apoio à candidatura do senador Aécio Neves, seu primo, ao Palácio do Planalto –embora o PP integre o governo Dilma.

Anastasia deixou o governo para disputar uma cadeira ao Senado, mas articula o apoio do PP à candidatura de Aécio.

Na moção, o grupo favorável à neutralidade afirma que essa decisão vai garantir "unidade" à sigla na disputa de outubro. "Não devemos buscar a União, mas a unidade partidária, deixando que cada realidade siga o seu caminho", disse o governador.

Em discurso na convenção, Pinto Coelho afirmou que "qualquer pesquisa de intenção de votos" mostra insatisfação da população ao governo federal superior a 60%. "A população brasileira que clama por mudanças profundas e estruturais. Estou convencido de estamos nesse momento de 2014 buscando um reencontro do nosso país com o seu futuro e com o seu destino. Esse futuro e destino passa, certamente, por Minas Gerais", afirmou o governador.

A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), candidata ao governo do Rio Grande do Sul, defendeu a neutralidade da sigla. A senadora fechou aliança com o PSDB no Estado e vai oferecer seu palanque para Aécio.

"A grande expectativa do país é saber de que lado estamos. Desde a primeira eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, o partido teve a sábia decisão da neutralidade. Nenhum presidente que sentar naquela cadeira terá a governabilidade sem a participação do PP, esteja ou não com ele", afirmou a senadora.

Saudada aos gritos por convencionais do PP, Ana Amélia disse que mantém com a presidente uma "relação de respeito", mas criticou a forma adotada pelo governo federal nas negociações com o Rio Grande do Sul. "Não há respeito aos nossos prefeitos, aos nossos líderes que são discriminados, desrespeitados, de maneira absolutamente inaceitável em um regime democrático."

Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) trabalha para que a convenção transfira à Executiva Nacional do partido as decisões sobre a sua coligação nas eleições nacionais. Como a maioria da Executiva defende a manutenção da aliança nacional com o PT, a decisão garantiria apoio a Dilma nas eleições de outubro.

"A convenção tem que se pautar pela maioria, nenhum partido tem totalidade. A maioria quer aprovar a aliança com a presidente Dilma. Temos que respeitar as divergências, mas como em toda democracia, vamos respeitar a vontade da maioria", afirmou Nogueira.

O ministro Gilberto Occhi (Cidades), que é do PP, presente à convenção, defendeu a manutenção da aliança com o PT. "Houve um almoço com a presidente em que o PP confirmou o seu apoio. Divergências acontecem em todos os partidos, é fruto da democracia com o país", afirmou.

Na convenção, o PP também vai aprovar resolução liberando os diretórios para firmarem livremente coligações estaduais –sem seguir a orientação nacional da sigla, se definir pela aliança com o PT. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) também vai se colocar como pré-candidato da sigla à Presidência, sem apoio da cúpula do partido.


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