Folha de S. Paulo


Moradores de favelas do Rio fazem ato contra violência em morro do Leme

Moradores de diversas comunidades carentes do Rio afetados pela falta de segurança pública ou pela violência atribuída a agentes do poder público se reuniram na manhã desta segunda-feira (23) em um ponto próximo à associação de moradores do morro Chapéu-Mangueira, no Leme, zona sul da cidade.

São lideres comunitários, mães e avós que perderam filhos, netos e amigos, como é o caso de Ana Paula Gomes, 37, que deu seu depoimento aos demais manifestantes durante o encontro. "Meu filho foi morto com um tiro pelas costas em área pacificada. Foram os policiais da UPP de Manguinhos que o assassinaram quando ele ia para casa da avó", afirmou.

À Folha, ela disse que o caso ocorreu em 14 de maio deste ano e lembrou que, há uma semana, outro morador foi morto com um tiro no olho enquanto apitava uma partida de futebol, dentro da mesma comunidade.

"Foi outra abordagem truculenta que resultou em reclamação por parte dos moradores, que começaram a jogar pedras e receberam balas em troco", disse Gomes sobre disparos de fuzil que atingiram o morador no campo de futebol.

Na ocasião, a polícia afirmou que o protesto aconteceu após a apreensão de um menor envolvido com o tráfico e que, além das pedras, tiros teriam sido disparados em direção aos policiais, que reagiram.

Presidente da associação do Chapéu-Mangueira, Arlete Loduvice, 50, disse que o ato desta segunda vai descer o morro e seguir pela orla de Copacabana, onde está armada a Fan Fest, até a comunidade Pavão-Pavãozinho, no outro extremo do bairro, onde deve se encerrar. "O objetivo é chamar atenção para a violência e as remoções que ocorrem nas favelas cariocas", disse.


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