Folha de S. Paulo


Oficializada candidata, Dilma promete 'novo ciclo de desenvolvimento'

A presidente Dilma Rousseff foi oficializada pelo PT neste sábado (21) como candidata à reeleição e prometeu promover um "novo ciclo de desenvolvimento" se vencer as eleições de outubro.

Em discurso na convenção nacional do PT, em Brasília, afirmou que ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva herdaram "um legado perverso de décadas perdidas" e que não irá "abaixar a cabeça".

Em declínio nas pesquisas e depois de ser alvo de vaias e xingamentos na abertura da Copa do Mundo, Dilma disse ser contra "o pessimismo, a mediocridade e o baixo astral". "No Brasil, as obras são construídas com o fermento da alegria e do otimismo", disse.

PLANO DE GOVERNO

Dilma usou seu discurso para anunciar medidas que deverão nortear seu programa de governo. Prometeu, a exemplo disso, a criação de um Plano de Transformação Nacional.

Entre os projetos a serem viabilizados deverão ser criados programas como o Brasil Sem Burocracia e o Banda Larga Para Todos –além de incorporar programas já existentes, como o Mais Médicos, o Pronatec, o Luz Para Todos.

"Eu queria dizer para vocês que nenhum país do mundo chegou ao desenvolvimento sem romper com as amarras antigas da burocracia. O que aconteceu foi que aumentou muito as estruturas de fiscalização e encurtaram muito as estruturas de realização do governo", disse a presidente.

"A burocracia distorceu as necessidades do Estado brasileiro por mais de 60 anos. Para avançarmos é necessário tornar o Estado brasileiro não um Estado mínimo, como querem alguns, mas um Estado eficiente, transparente e moderno. Um Estado à altura das necessidades que nosso povo tem de obras, de projetos, de programas, de realizações, que simplifiquem a vida do cidadão", continuou.

Sobre o programa Banda Larga para Todos, cunhado a partir da aprovação do Marco Civil da Internet, meses atrás, lembrou também do programa do governo de participação social, em parte encerrado em decreto, publicado há três semanas, que normatiza a participação de conselhos populares nas decisões do Executivo federal.

"Temos um imenso passo a dar no sentido de garantir, através da internet, participação popular cidadã. Aquilo que muitos consideram que nós não podemos fazer. aqueles que são contra a opinião do povo nas decisões de governo.

SEM RANCOR

Em discurso de cerca de 60 minutos, alfinetou várias vezes adversários —sem citar nomes. Para ela, uma década ainda não foi suficiente para resolver "todos os problemas que vêm se arrastando ao longo do tempo".

"Na vida de um presidente sempre há momentos difíceis. E sempre que as dificuldades aumentavam e o governo recebia pressões, eu repetia para mim mesma: eu não fui eleita para trair a confiança do povo. Eu não fui eleita para arrochar o salário do trabalhador. Essa não é minha receita. Eu não fui eleita para (...) para mendigar dinheiro do FMI porque não preciso. E colocar de novo o país de joelhos como fizeram. Eu fui eleita para governar de pé e com a cabeça erguida", afirmou.

Ela disse também que "nunca fez política com ódio". "Mesmo quando tentaram me destruir física e emocionalmente por meio do uso de violências eu continuei amando o meu país e nunca guardei ódio de ninguém. E foi por isso, porque, quem se deixa prender no ódio faz o jogo do adversário."

"Eu não tenho rancor de ninguém. Mas também não vou baixar minha cabeça. Não insulto, mas não me dobro. E também não venham com qualquer outro artifício, porque também não assusto. não agrido, mas também não fico de joelhos para ninguém. Não perco meu tempo odiando pelo rancor dos meus adversários, porque isso não traz nenhuma força, nenhum mérito para ninguém", continuou.


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