Folha de S. Paulo


Como Brasil não tem tsunami, eles não voltarão, diz Mercadante sobre PSDB

O governo federal rebateu, neste domingo (15), as críticas feitas em Convenção Nacional do PSDB à gestão petista. O senador tucano Aécio Neves (MG) disse que um "tsunami varreria o PT" do governo.

O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) foi escalado para defender políticas e programas da presidente Dilma Rousseff um dia depois de o presidenciável Aécio Neves (PSDB) afirmar que não há apenas uma "brisa" por mudanças no Brasil, mas uma "ventania".

"Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade", disse o tucano na ocasião. Neste domingo, Mercadante rebateu: "O único tsunami que tivemos foi a gestão pública em alguns governos do passado. Mas como o Brasil não tem tsunami, eles não voltarão", disse o ministro, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

"A oposição ficou um bom tempo dizendo que ia ter uma 'tempestade perfeita'. Tivemos um verão muito tranquilo. Agora estão falando em vendaval, tsunami", comparou. Na verdade, a expressão foi cunhada pelo ex-ministro Delfim Netto, para advertir que o Brasil poderia entrar em crise quando os EUA começassem a retirar os estímulos monetários.

MINISTROS

Mercadante elencou diversos temas para rebater as críticas de tucanos à gestão petista e afirmou que esse é um papel que cabe aos ministro do governo Dilma.

"Todos estão mobilizados e convocados a defender as suas pastas e mostrar nossas políticas públicas, frente a qualquer interlocutor e a qualquer debate", completou. Ele ainda criticou o discurso de tucanos na convenção nacional da legenda, realizada ontem em São Paulo.

Para ele, os tucanos "não apresentaram propostas para o futuro do Brasil, (...) em nenhuma das área estratégicas para o país". "A candidatura não tinha um vice, não apresentou uma equipe e não apresentou propostas. Mas gastou um tempo que eu diria precioso para atacar o nosso governo e [por isso] faço questão de fazer essa análise comparativa", concluiu.

Mercadante citou programas e estatísticas de educação, energia e economia em defesa do governo Dilma.

"Eles falam da área de energia,mas omitem nessa comparação que tivemos um apagão no passado e uma elevação sem precedentes nas tarifas de energia. Enfrentamos uma seca mais severa do que a anterior neste ano e garantimos plena oferta de energia para o país", comparou.

Ele ainda reforçou o vínculo entre Dilma e seu antecessor. "A presidente Dilma teve um papel indispensável para o governo Lula e o presidente Lula continua com um papel político indispensável ao governo Dilma".

BRONQUITE

Mercadante afirmou ainda que a presidente não compareceu à convenção do PT paulista neste domingo por problemas de saúde. "Ela teve uma gripe, que está se recuperando, início de uma bronquite, e por recomendação médica, [está em] pleno repouso".

CONVENÇÃO

Em convenção nacional do PSDB no sábado (14), a legenda escolheu o nome do senador mineiro como candidato à Presidência. Em seu discurso, Aécio afirmou que há uma "ventania" por mudanças no país, não apenas uma "brisa".

"Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade", disse. O tucano ainda lembrou o episódio do mensalão: "Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética e elegeram um governo que foi protagonista de um dos mais vergonhosos casos de corrupção da nossa história".

O tucano ainda fez críticas à gestão econômica do governo federal. "Nossos adversários mantiveram a coerência. Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação", ironizou. Para ele, a gestão da presidente Dilma possui "desacertos de todos os lados".

REAÇÃO

A fala de Aécio já foi rebatida neste domingo por alguns petistas. O presidente do partido, Rui Falcão, argumentou que "para varrer o PT do mapa antes tem que mover a maioria do povo para trás". O presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, adotou tom semelhante.

"Primeiro, que no Brasil não tem tsunami, mas vozes do atraso em tom agressivo que nunca teve projeto no Brasil. Falam para atacar e pegam carona na malcriação", afirmou.

O ex-presidente Lula ironizou o discurso do presidenciável tucano: "Por que eles não colocam o tsunami deles para abastecer o sistema Cantareira que seria muito melhor para eles?", questionou, na tarde deste domingo, em convenção estadual do PT.

Lula faz referência à crise de abastecimento de água em São Paulo, em ataque ao governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB).


Endereço da página:

Links no texto: