Folha de S. Paulo


Campos vê 'raposa que já roubou o que tinha que roubar' no governo

Em seu primeiro ato político em Pernambuco após deixar o governo para disputar a Presidência, Eduardo Campos (PSB-PE) disse neste domingo (15) que o governo federal é comandado por "um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar".

Ao lado de sua pré-candidata a vice, Marina Silva, Campos criticou o governo da presidente Dilma Rousseff, sua provável adversária, durante convenção do PSB de Pernambuco, evento que reuniu 20 mil pessoas, segundo seus organizadores.

Após dizer que "não vamos jogar fora as coisas boas, não vamos cuspir no prato em que comemos", Campos justificou sua saída da base de sustentação do governo Dilma, em outubro do ano passado.

"Não fico mais num projeto comandado por um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar", afirmou o pernambucano, que foi ministro do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O povo do Brasil vai tirar Dilma [da Presidência]", disse, após afirmar que "pela primeira vez na democracia", um presidente entregará o país "pior do que recebeu".

"Não há dinheiro, não há cargo, não há tempo de televisão que barre a vontade do povo indignado do Brasil", afirmou.

"O que o povo brasileiro deseja hoje não é político que fala difícil e complicado, não é político que só gosta do povo em tempo de eleição, para estar dando tapinha nas costas, beijinho e depois tchau, tchau", disse Campos.

Ele discursou em um palanque com centenas de representantes de alguns dos 21 partidos aliados. Dois de seus aliados mais famosos, o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) e o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE), não compareceram ao ato.

MARINA

Pré-candidata a vice de Campos, Marina Silva acusou o PT de "ameaçar" a população nesta campanha.

"Tentam ameaçar as pessoas de que, se não continuarem para sempre no poder, aqueles que virão irão tirar o Bolsa Família. Isso não é verdade. O neto de Miguel Arraes não pode ser contra o povo pobre do Nordeste", afirmou.

"O governo do PT, da presidente Dilma, já teve sua chance. Já deu sua contribuição e, principalmente, cometeu muitos erros", disse Marina.

"O Brasil está estagnado com a presidente Dilma. Não está indo para frente. Está parado. O PSDB já teve a sua chance. O PT já teve sua chance. Agora é a vez de dar uma chance para o Brasil com Eduardo Campos", afirmou a ex-ministra do governo Lula.

Ao falar da impossibilidade de criar a Rede Sustentabilidade, Marina disse que apenas anteciparam a união entre ela e Campos.

"Nos chamando de anões, eles nos juntaram e nos juntaram a vocês [público] para sermos gigantes", disse Marina.

MAIS CRÍTICAS

O único a não fazer críticas a Dilma foi o governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB-PE), que substituiu Eduardo Campos em abril, quando ele se afastou para disputar a Presidência.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), antigo rival de Campos e de seu avô, o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), foi o primeiro a criticar a presidente. Ele falou "em nome dos ex-governadores de Pernambuco".

"Essa Dilma Rousseff está comprometendo a vida nacional. Esta senhora faz tudo errado. Ela vai perder a eleição e vai perder para um grande homem público, que é o nosso companheiro Eduardo Campos", afirmou o senador.

Ex-ministro de Dilma, Fernando Bezerra (PSB-PE) afirmou que "Pernambuco se apresenta para realizar as grandes transformações reclamadas pelo povo brasileiro".

Pupilo de Campos, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB-PE), também atacou a presidente.

"Infelizmente o Brasil parou nestes últimos três anos. O Brasil começou a andar para trás", afirmou. "Nossos adversários querem oferecer o atraso, a falta de humildade, falta de diálogo, autoritarismo", disse o prefeito.

Geraldo Julio também criticou as administrações petistas à frente da Prefeitura do Recife em anos anteriores. Afirmou que o PT "tirou dos trilhos" o Recife e o Brasil.


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