Folha de S. Paulo


Em vídeo para Padilha, Dilma diz que SP 'não pode mais confiar em volume morto'

Em vídeo enviado para a convenção que oficializou a candidatura de Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff disse neste domingo (15) que o Estado "não pode mais confiar em volume morto".

A fala é um ataque direto ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição e enfrenta uma crise hídrica que o obrigou a acionar o volume morto do sistema Cantareira, que abastece 8,8 milhões de pessoas na região metropolitana.

Confira como foi a indicação de Padilha

Em uma fala dura, Dilma afirmou que a gestão tucana de quase 20 anos em São Paulo representa um volume morto e destacou que o candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha, representa o volume vivo que o Estado precisa.

"Padilha, você significa uma mudança, uma mudança de verdade. São Paulo não pode mais confiar em volume morto. Você é o volume vivo que São Paulo precisa", disse a presidente no filme. A fala, de certa forma, minimizou o desconforto criado por sua ausência na convenção estadual.

A declaração de Dilma foi transmitida na convenção do PT de São Paulo que confirmou Padilha como candidato. Dilma era esperada para o evento, mas cancelou a participação irritando a cúpula da campanha.

"A tecnologia nos permite algumas coisas", afirmou, logo no início do vídeo. "Padilha, você sabe que na vida nem sempre a gente faz o que quer. Estou aqui de forma virtual, mas de corpo, alma e coração", disse a petista.

Dilma ainda destacou que a "candidatura nasce com a marca mais forte do PT: a marca da mudança e que traz a força da verdade. "São Paulo precisa conhecer a força da verdade que acontece aqui e no Brasil. O povo paulista sente que está na hora de uma chance", disse a presidente, que ressaltou que quando começar a campanha Padilha será mais conhecido.

Padilha aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, com 3%. Ele está atrás do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que reúne 44%, e Paulo Skaf (PMDB), com 21%, segundo pesquisa Datafolha.

São Paulo, maior colégio eleitoral do país, é o principal objeto de desejo do PT na disputa pelos governos locais na eleição de outubro. O Estado é governado pelos tucanos há quase duas décadas e onde a rejeição a Dilma é maior que em outras regiões do país.

VAIAS

Dilma também usou a oportunidade para, mais uma vez, comentar os xingamentos que ouviu no jogo de abertura da Copa no último dia 12, no estádio do Corinthians, na zona leste de São Paulo.

"Os governos do PT representam algo que os incomoda. Acabaram com o desemprego, fizeram distribuição de renda e deram oportunidade ao povo. É isso que eles vaiam e xingam."

Durante o jogo de estreia da Copa, Dilma foi xingada e vaiada ao menos quatro vezes. "Ei, Dilma, vai tomar no c...", gritaram, em coro, os torcedores. A vaia foi forte na área VIP do estádio, e se espalhou.

CONSULTAS POPULARES

A presidente Dilma aproveitou a convenção para defender seu decreto sobre política de participação popular e criticar a oposição.

"Eles são contra isso. Nossos adversários se dizem democratas. Nós não temos medo do povo. Nós governamos para o povo e com o povo", afirmou Dilma. Segundo a presidente, os conselhos têm previsão constitucional e não substituem o Congresso.

AUSÊNCIA

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que a ausência de Dilma na convenção se deve "razões de saúde". "Padilha uniu o partido. Ele tem história e pode confiar nele. Ele deve e vai ganhar a eleição", diz Falcão.

Falcão elogiou a presença da militância, que lotou as arquibancadas. O líder do PT na Câmara, o deputado paulista Vicentinho também comentou sobre a ausência de Dilma. "A gente compreende a não vinda dela [Dilma]. A gente ficaria mais feliz com ela", disse Vicentinho.

O deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) minimizou a ausência da presidente Dilma na convenção. "A Dilma está aqui porque todo mundo que apoia a Dilma está aqui", disse Vacarezza.

A ausência da presidente Dilma é um dos assuntos mais comentadas na convenção do PT. O cancelamento de sua participação na oficialização da candidatura de Padilha causou mal-estar. Petistas reclamam que ficaram sabendo da decisão da presidente apenas pela imprensa.

Conforme a Folha mostrou no sábado, a decisão surpreendeu e irritou o comando da campanha de Padilha que tem feito ampla divulgação do ato ressaltando a presença de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho do petista. A cúpula da campanha avalia que a medida trará desgaste ao candidato logo na largada.


Endereço da página:

Links no texto: