Folha de S. Paulo


Aécio diz que tsunami varrerá PT do governo

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu oficialmente o posto de candidato dos tucanos à Presidência da República num discurso com forte tom emocional e duras críticas ao PT e à gestão de Dilma Rousseff.

Aécio disse que a gestão petista não tem se mostrado "digna" de atender às demandas da sociedade.

Confira como foi a oficialização de Aécio Neves

Segundo ele, não há mais uma "brisa" de mudança no ambiente político, mas uma "ventania". "Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender as demandas da sociedade", concluiu.

A convenção nacional do partido aconteceu na manhã deste sábado (14), em São Paulo. Os principais nomes do PSDB estiveram ao lado de Aécio no evento, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e seu antecessor no cargo, José Serra.

O presidenciável acusou o PT de ter enganado o povo que o elegeu. "Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética e elegeram um governo que foi protagonista de um dos mais vergonhosos casos de corrupção da nossa história", afirmou, em referência ao mensalão.

O discurso teve uma conotação defensiva. Há mais de uma década o PT acusa o PSDB de ser privatista e não ter sensibilidade social.

Numa resposta a isso, Aécio fez um longo resgate de ações do governo FHC e disse que foi o tucano quem lançou pedras fundamentais para a criação de programas como o Bolsa Família. "Nós governamos para as pessoas", disse, citando a criação dos genéricos, e programas como o Saúde da Família.

CONFIANÇA

O mineiro criticou também os rumos da economia. "Os que votaram contra o Real agora permitiram o retorno da inflação", analisou, lembrando a posição do PT quando o plano foi lançado.

Aécio mesclou as críticas ao discurso de que sua candidatura representa a retomada da confiança e o reencontro do "país consigo mesmo".

Em referência às manifestações, defendeu uma aproximação entre a população e a política. "É urgente um enorme esforço para nos reencontraremos com a nação que sempre fomos. Não podemos deixar que a indignação nos paralise."

Em sua fala, FHC insinuou que o governo Dilma é "arrogante" e defendeu a candidatura de Aécio Neves como o nome que "encarna" o sentimento de mudança. "O país precisa de um líder jovem, que se dedique de corpo e alma", afirmou.

Aécio e FHC trataram a candidatura do mineiro como desfecho das trajetórias de Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, avô do mineiro. "Tancredo deu a vida para o Brasil mudar. É dele que descende o Aécio", disse FHC.

O senador, por sua vez, disse que há 60 anos JK permitiu "um encontro do Brasil com o desenvolvimento". "Tancredo, o reencontro com a democracia. Agora, vamos para o reencontro com a dignidade e a eficiência na vida pública. Aceito a missão de ser candidato", proclamou.

Serra, que por anos disputou o protagonismo no PSDB com Aécio, disse que o mineiro irá liderar a oposição e que o partido está "unido". Ao fim do discurso, Serra recebeu um forte abraço de Aécio.

Na convenção, 451 delegados votaram. Aécio teve 447 votos –três brancos e um nulo. Bem humorado, questionado se o voto nulo era dele, Serra respondeu: "Nem votei".


Endereço da página:

Links no texto: