Folha de S. Paulo


Manifestação em Belo Horizonte acaba com 12 pessoas detidas

As manifestações em Belo Horizonte no primeiro dia de Copa do Mundo terminaram com 12 pessoas detidas, entre elas um adolescente, segundo balanço parcial da Polícia Militar divulgado na noite desta quinta (12).

Manifestantes começaram a se reunir por volta do meio-dia, na Praça 7, no centro da cidade. Diversos movimentos aderiram à manifestação, que, na maior parte do tempo, foi pacífica.

O conflito com a Polícia Militar começou por volta das 16h15, quando a marcha atingiu a praça da Liberdade, onde está instalado o relógio da Copa do Mundo. Manifestantes apontaram policiais infiltrados, os chamados P2, que estavam lançando rojões durante a caminhada.

Quando o protesto se aproximou do relógio e manifestantes fizeram menção de queimar uma bandeira do Brasil, a Tropa de Choque começou a lançar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Houve pânico e gritaria, e grande parte das cerca de 800 pessoas que engrossavam a manifestação recuou, mas mantendo os gritos de protesto. Um grupo de manifestantes mais exaltados revidou a investida da Tropa de Choque com pedradas.

No fogo cruzado, dois fotógrafos foram atingidos. Sergio Moraes, 52, da agência internacional Reuters, teve a cabeça acertada por uma pedra e foi encaminhado para o hospital, e o fotógrafo mineiro Élcio Paraíso foi atingido por uma bala de borracha. Segundo nota oficial, um policial também ficou ferido. Não foi divulgado se algum manifestantes se feriu no confronto.

QUEBRA-QUEBRA

A partir deste momento, enquanto a maioria dos manifestantes recuava, o grupo exaltado partiu para o ataque ao patrimônio: duas agências bancárias, pontos de ônibus, um cinema, a janela de um apartamento e a unidade do Detran-MG foram apedrejados, assim como um carro da Polícia Civil. A Tropa de Choque permaneceu protegendo o relógio da Copa.

Paralelamente, outros batalhões da Polícia Militar fizeram um grande cerco em toda a área central de Belo Horizonte, e os policiais usaram gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra manifestantes que ultrapassavam os limites impostos.

A manifestação foi se dispersando, e, por volta das 19h, o trânsito na região central –que estava fechado pelos militares– começou a ser liberado.

REIVINDICAÇÕES

Os manifestantes questionavam, com cantos e faixas, os gastos com o Mundial e reivindicavam direitos sociais básicos, com destaque para a habitação, o transporte público e investimentos em mobilidade urbana.

Segundo Isabella Miranda, uma das fundadoras do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac), movimento que ajudou a organizar a manifestação de hoje, os grupos buscam, em síntese, reparação pelos prejuízos causados pela Copa do Mundo às comunidades. "Só nos últimos quatro anos, 14 mil pessoas foram ameaçadas de serem removidas de suas casas e 10 mil de fato foram, em função das obras da Copa em Belo Horizonte, e a maior parte delas ainda não conseguiu moradia fixa."


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