Folha de S. Paulo


Governo vai subsidiar 2.000 moradias na invasão Copa do Povo, diz sem-teto

O governo federal vai subsidiar a construção de 2.000 unidades habitacionais na invasão conhecida como Copa do Povo, a cerca de 3,5 km do estádio Itaquerão, na zona leste de São Paulo. A afirmação foi feita na tarde desta segunda-feira (9) pelo líder do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos.

Segundo ele, a gestão Dilma Rousseff dará um subsídio de R$ 76 mil por unidade construída no local. O Estado e o município também contribuirão financeiramente, mas ele não informou o valor. As unidades serão feitas pela própria pela construtora Viver, dona do terreno, e o projeto será feito pelo MTST em parceria com ela.

A assessoria de imprensa da construtora informou à Folha na noite desta segunda que desconhece esta informação.

Com a maior parte das reivindicações do movimento atendidas, Boulos afirmou que os protestos devem diminuir e as ações ficarão focadas na aprovação do Plano Diretor e na reivindicação de melhorias do programa Casa Paulista, do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O Plano Diretor, que está em fase de discussão na Câmara Municipal, vai determinar as diretrizes para os investimentos da prefeitura paulista nos próximos 16 anos. Uma das reivindicações do movimento é que ele transforme a área da Copa do Povo e outras ocupações em Zeis (zona especial de interesse social), o que permitiria a construção de moradia popular no local.

Já no programa Casa Paulista, o movimento reivindica o aumento do recurso complementar de R$ 20 mil dado ao programa Minha Casa, Minha Vida, para R$ 30 mil, e que os empreendimentos habitacionais aumentem de um mínimo de 36 m² para 45 m².

Além da construção de moradia popular na Copa do Povo, Boulos afirmou que o governo federal deverá divulgar ainda nesta segunda-feira a criação de uma comissão contra despejos forçados. Ela deverá monitorar casos de despejo e reintegrações de posse para saber se pode negociar e evitar violência, como a que ocorreu na ocupação Pinheirinho.

Além disso, foi alterado o salário limite das famílias da faixa 1 de benefício para o programa Minha Casa, Minha Vida. Boulos afirmou que o salário limite de R$ 1.600 será alterado para três salários mínimos –salário mínimo corresponde atualmente a R$ 724, o que elevaria o limite para R$ 2.172.

O programa entidades, do Minha Casa, Minha Vida, que corresponde a construção de moradias por cooperativas habitacionais, associações e entidades privadas, também terá o limite de unidades construídas simultaneamente, segundo Boulos, dos atuais 1.000 para 4.000 habitações.

PROTESTOS

O MTST tem promovido diversos protestos na capital paulista para reivindicar, entre outros, a construção de moradia popular na região da Copa do Povo e inclusão de terrenos ocupados como Zeis.

Em março, Boulos disse que transformaria este mês em um "junho vermelho". Na semana passada, ele afirmou que iria "radicalizar" as ações do grupo caso não houvesse medidas concretas por parte do governo.

O último ato, ocorreu na última quarta-feira (4) e reuniu cerca de 12 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, na Radial Leste. O grupo caminhou até o estádio Itaquerão de forma pacífica. Os organizadores estimaram na ocasião cerca de 25 mil manifestantes.


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