Folha de S. Paulo


Governo diz que PM dispersou grevistas em 'defesa dos usuários'

O governo do Estado de São Paulo afirmou que a Polícia Militar dispersou grevistas dentro da estação Ana Rosa do metrô para garantir o funcionamento do sistema na cidade. Na manhã desta sexta-feira a PM usou bombas e disparou balas de borracha contra funcionários para reprimir um piquete no local.

Em nota oficial encaminhada à Folha nesta tarde, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a ação da PM foi baseada na "determinação da Justiça, emitida pela desembargadora Rilma Hemetério, determinando que o metro funcione no horário de pico".

" A Polícia Militar agiu em defesa dos direitos dos usuários do metro. [...] a estação Ana Rosa está funcionando. Não fosse a PM, estaria fechada e seus usuários, sem transporte", informou a nota.

Logo nas primeiras horas da manhã, metroviários bloquearam a entrada de usuários na estação que fica na região da rua Vergueiro, na zona sul de São Paulo. A Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada e usou bombas de gás e balas de borracha para dispersar o movimento.

"Chegamos às 3h30 para fazer um piquete e acabamos surpreendidos com a entrada da Tropa de Choque, que nos atacou em ambiente fechado. To fazendo 30 anos de Metrô esse ano e olha o que eu ganho [apontando para um ferimento na perna", disse o metroviário José Carlos dos Santos, 54.

Segundo o capitão Snay Nanni, a PM só agiu para garantir que a população tenha acesso ao metrô. "O interesse público deveria prevalecer aos interesses da categoria", disse o Nanni que confirmou o uso de balas de borracha e bombas durante a ação que dispersou grevistas da estação.

Um funcionário do Metrô chegou a ser preso pela Polícia Militar, dizem os sindicalistas. Segundo a PM, a prisão teria acontecido por desacato. Ele foi encaminhado para o 16º DP (Vila Clementino).

Com a presença de policiais militares da Tropa de Choque, os metroviários também pediram catraca livre na estação Ana Rosa. O coro foi puxado por um grupo de cerca de 30 trabalhadortes.

Pelo segundo dia consecutivo, o sistema público de metrô funciona parcialmente na cidade. Somente as linhas 5-lilás e 4-amarela - operada por uma concessionária - funcionam sem restrições nesta manhã.

A linha 2-verde passou a funcionar parcialmente às 7h. O fluxo de trens segue entre as estações Paraíso e Clínicas. Às 7h10, a linha 1-azul passou a operar entre as estações Paraíso e Luz. Na linha 3-vermelha, por volta das 7h15, os trens começaram circular entre Bresser-Mooca e Santa Cecília.

Houve piquete também em outras estações, como Bresser-Mooca, na zona leste e nos pátios de manobras no Jabaquara, na zona sul, e em Itaquera, na zona leste. Não houve confronto com a polícia nestes locais.

-

RAIO-X DOS METROVIÁRIOS¹

9.475 funcionários, sendo 2/3 responsáveis diretos pela operação:
3.136 operadores
1.206 oficiais de manutenção
1.147 seguranças
1.016 técnicos
Piso: R$ 1.323,55
Orçamento do sindicato: R$ 5,5 milhões/ano
Data-base: 1º de maio

-

NEGOCIAÇÃO

Reivindicação dos metroviários: 12,2%, reivindicação anterior era de 16,5%

Proposta do governo do Estado: 8,7%, proposta anterior era de 7,8%

Último reajuste concedido: 8%, ante INPC de 7,2%, no ano passado

-

HISTÓRICO DE GREVES NO METRÔ²
23.mai.2012
2 e 3.ago.2007
14.jun.2007
15.ago.2006
17 e 18.jun.2003
25 e 26.jun.2001
2.jun.2000
9.dez.1999
24.nov.1999

¹Em dez.2013
²Paralisações que acarretaram na suspensão do rodízio de veículos
Fonte: Metrô, Sindicato dos Metroviários, CET


Endereço da página:

Links no texto: