Folha de S. Paulo


Polícia prende irmão do caseiro envolvido no caso Malhães

Policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, em Belford Roxo, prenderam na manhã desta sexta-feira (30) Anderson Pires Teles, irmão do caseiro Rogério Pires e que também é acusado de participar do assalto à casa do coronel Paulo Malhães, que resultou na morte do militar, em 25 de abril.

Anderson foi preso em casa, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. Outra diligência da polícia faz buscas por mais um irmão do caseiro, Rodrigo Pires, que é acusado do crime e está foragido. Segundo familiares, ele mora em uma favela de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Os três irmãos, segundo a polícia, cometeram o crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Parte das armas levadas no crime já foram recuperadas pela polícia, que encontrou sete delas em uma casa, em uma favela de Santa Cruz, há algumas semanas.

Malhães foi encontrado morto com sinais de asfixia, num dos cômodos de seu sítio, em Nova Iguaçu, em 25 de abril. Na ação dos criminosos, a mulher do militar e o próprio caseiro foram amarrados em quartos distintos, após a invasão da casa.

O coronel reformado havia prestado, um mês antes, depoimento à Comissão da Verdade no qual reconhecia ter participado de torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura militar (1964-1985). Membros de comissões da Verdade nacional e do Rio suspeitaram de "queima de arquivo".

O caseiro Rogério Pires foi o primeiro a ser preso pela polícia, após cair em contradição durante seu depoimento, segundo os delegados do caso. Ele está detido na Delegacia Anti Sequestro do Leblon, zona sul do Rio.

A defensora Raquel Ayres, que representa o caseiro, entrou com pedido de habeas corpus no último dia 19, alegando que a prisão do rapaz não está devidamente fundamentada. A Justiça, no entanto, negou o habeas corpus nesta semana, por considerar que o acusado poderia ser um empecilho às investigações se ficasse livre.

O presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadih Damous, afirmou nesta sexta (30) que pedirá a quebra do sigilo das investigações sobre a morte do coronel Paulo Malhães.

"Não há fundamentação jurídica para manter o sigilo. Se nosso pedido for recusado, vamos recorrer ao Tribunal de Justiça", afirmou.

Damous voltou a criticar a polícia após a prisão de Anderson Pires Teles, irmão do caseiro do coronel.

"Tudo o que a Polícia Civil está fazendo é para confirmar a tese de latrocínio (roubo seguido de morte). Nós queremos que ampliem a investigação para checar se houve queima de arquivo por causa dos depoimentos do coronel."


Endereço da página: