Folha de S. Paulo


À comunidade judaica, Dilma defende política industrial de subsídios

Durante jantar com a comunidade judaica, nesta quarta-feira (28), em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não tem "vergonha" de ter feito uma política industrial de subsídios no Brasil e prometeu reforma do Estado para diminuir a burocracia dos serviços públicos, demanda do setor empresarial do país.

"Não tenho vergonha de ter feito política industrial. Não tenho vergonha nenhuma dos subsídios que oferecemos à industria para que ela pudesse concorrer", afirmou a presidente diante de cerca de 80 convidados. "Sem paixão, ninguém segura o rojão", completou.

O empresário João Dória Jr. foi o único dos três perguntadores que fez uma crítica mais contundente à política econômica do governo federal. Ele disse à presidente que o Brasil "tem credibilidade quase nenhuma" no cenário internacional e pediu que ela apontasse medidas para mudar esse contexto.

Dilma deu uma longa resposta, na qual apresentou números do baixo desemprego no país e comparou o crescimento brasileiro com o de outros países, como os Estados Unidos, que considera ainda mais negativo. Para ela, uma estagnação econômica é "normal" no período que precede as eleições.

Dória, por sua vez, afirmou ao final do evento que a presidente não apresentou propostas concretas para mudar o cenário.

Ainda segundo o empresário, Dilma foi "enfática" ao dizer que não haverá racionamento de energia no país e fez uma comparação com a crise hídrica no Estado de São Paulo. Para ela, paulistas passarão por um controle do fornecimento de água ainda neste ano.

Dilma falou por 35 minutos para um público composto por diversos empresários, profissionais liberais, intelectuais e alguns políticos aliados e reiterou seu compromisso com a manutenção da desoneração da folha de pagamento de setores que já foram contemplados pelo governo federal. No entanto, a presidente não acredita que haja espaço para ampliar o benefício para novas áreas nesse momento.

O jantar aconteceu na casa do presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottemberg, que desejou "mais quatro anos de governo Dilma".

A presidente também falou com otimismo sobre a Copa do Mundo, que se inicia em 12 de junho, e tem sido alvo de diversas manifestações pelo país.

O discurso positivo faz parte da estratégia da petista de sair em defesa do mundial. A avaliação de alguns interlocutores do Planalto, porém, é que o discurso sobre a Copa, adotado por ela nas últimas semanas, foi tardio.

AGRADOS

Como deferência à comunidade, Dilma levou uma carta de resposta dos rabinos-chefe de Israel sobre a Copa do Mundo. A presidente havia escrito para diversas lideranças religiosas pedindo que elas se posicionassem sobre a importância do mundial e teve o retorno dos líderes judeus que falaram sobre a necessidade de ampliar "a boa vontade entre as nações do mundo".

Dilma cumprimentou os convidados um a um e tirou "selfie" com grande parte deles. Ao final de seu discurso, puxou o coro de "parabéns a você" para Ida Lottemberg, mulher do anfitrião, que comemorava seu aniversário nesta quarta-feira (28).

ADVERSÁRIOS

Dilma não citou nem direta nem indiretamente seus dois principais adversários na corrida presidencial, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB). Ambos já participaram do jantar com a comunidade judaica e, de acordo com alguns empresários presentes, o tucano se saiu bem pela "qualidade técnica do discurso".


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