Folha de S. Paulo


Estrangeiros devem se sentir seguros, diz Cardozo após protesto de índios

Um dia após a realização de manifestações em Brasília que acabaram com um policial sendo atingido por uma flecha disparada por um índio, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse nesta quarta-feira (28) que protestos acontecem no mundo inteiro e que turistas devem se sentir seguros para virem à Copa do Brasil.

De acordo com Cardozo, o episódio ocorrido na manifestação desta terça-feira (27) mostra que a polícia está presente nos protestos e pronta para garantir o cumprimento da lei. "Os estrangeiros devem se sentir seguros, sim. Pois mostra que a polícia está presente para garantir o cumprimento a lei, a liberdade de manifestação, e não permitir abusos", disse.

Questionado se houve "abuso" do índio, que atingiu a perna de um policial com uma flecha, Cardozo disse que a polícia deve atuar para garantir o direito de manifestações e evitar que pessoas "abusem" desse direito.

"Em toda a parte do mundo, aliás, sempre que tivemos grandes eventos, tivemos manifestações. E, em alguns casos, inclusive, com a ultrapassagem do limite de liberdade de manifestação. A polícia deve garantir a liberdade de manifestação e evitar que pessoas abusem. Quem abusar deverá ser punido", disse Cardozo.

O ministro ainda reiterou que a liberdade de manifestação deve ser garantida, pouco importando que grupos querem se manifestar ou quais sejam as suas pautas. Perguntado se seria necessário impedir que índios portem arcos e flechas em eventuais novas manifestações, Cardozo explicou que "em cada caso a situação deve ser analisada e tomadas as medidas cabíveis".

A imprensa internacional noticiou com destaque o confronto entre indígenas e policiais militares, após o protesto anti-Copa de ontem realizado em Brasília.

JANOT

Nesta quarta-feira (28), quem também manifestou posição semelhante à de Cardozo foi o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Após evento no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), em que Cardozo e Janot participaram, o procurador disse que os estrangeiros devem se sentir seguros, pois manifestações acontecem em toda a parte do mundo. "Isso não abalará a festa, a grandeza da festa e a convicção do estrangeiro que ele está num país amigo e num país seguro", disse.

O procurador ainda destacou que o Ministério Público está montando um gabinete de crise que contará com representantes da instituição e do Ministério da Justiça para que, junto de juízes, defensores públicos e policiais, possa haver pronta atuação para evitar abusos em eventuais manifestações, sejam eles por parte de policiais, sejam eles por parte dos manifestantes.


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