Folha de S. Paulo


Com ataques a Dilma, 'TV Revolta' ganhou seguidores

Com postagens em ritmo frenético, que misturam frases de efeito genéricas a charges e notícias que atacam principalmente o governo federal, a página no Facebook "TV Revolta" ganhou holofotes com seu crescimento fora do padrão na rede social.

Para coordenadores da pré-campanha do PT, o espaço serve aos interesses do presidenciável tucano Aécio Neves, sem mostrar a digital do PSDB –acusação que o partido refuta.

Dono da página, o radialista João Almeida Lima, conhecido como "João Revolta", nega alinhamento partidário –ele não quis dar entrevista.

Criada em 2011, tinha cerca de 1,2 milhão de seguidores até março. De lá pra cá, passou a 3,6 milhões, chegando a figurar entre as que mais cresceram no mundo, segundo a empresa de monitoramento Social Bakers.

Blogueiros ligados ao governo levantaram a hipótese de que o "TV Revolta" cresceu via patrocínio, o recurso pago oferecido pelo Facebook que amplia o alcance de postagens –que, via de regra, atingem de 2% a 6% do total de seguidores. Lima nega.

Segundo especialistas consultados pela Folha, a polarização dos temas que aborda, os métodos de postagem e até sua forma aparentemente amadora colaboram para que o TV Revolta "viralize" –jargão do mundo virtual para o que se espalha com rapidez nas redes sociais.

O especialista em direito eletrônico Walter Aranha Capanema lembra o alto o risco que as páginas e outras formas de guerrilha virtual trazem para a campanha eleitoral. "Não vão ser os partidos que brigarão. O jogo sujo será feito por terceiros, que podem receber [dos partidos que os apoiam] através de ONGs e associações. Será que isso será contabilizado [nas contas de campanha]?"

"O marketing envolvido para cooptar seguidores é bastante interessante. O nome é forte e agrega todo tipo de pessoas insatisfeitas, independente do partido político, e tem muito conteúdo 'viralizável'. Assim, ele gera fidelidade em quem curte a página, e aí não falta pauta para ele", diz Eduardo Prange Junior, diretor da empresa de monitoramento de redes sociais Seekr.

Coincidentemente, desde que as críticas à página ganharam corpo e o tema da guerrilha virtual entrou em pauta devido à acusação do dono do perfil fantasia Dilma Bolada de que a oposição queria cooptá-lo, no início da semana passada, ela parou de crescer a ritmo chinês. Mesmo assim, segue ganhando em média 4.000 novos seguidores diariamente.


Endereço da página: