Folha de S. Paulo


Cardozo classifica de 'marketing' ideias de Aécio para segurança

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) reagiu às críticas e propostas do presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) para a segurança pública, defendendo a política do governo para o setor.

Segundo o ministro, as propostas lançadas pelo tucano são pautadas por "marketing político" para agradar a opinião pública e estão longe da realidade do setor.

Em entrevista à Folha publicada nesta quinta-feira (22), Aécio fez críticas a gestão política da área e disse, entre outras coisas, que alteraria o nome do Ministério da Justiça para acrescentar "Segurança Pública", além de mudar o perfil da pasta na relação com os Estados. Segundo o tucano, o governo federal "vira as costas" para o problema e é omisso.

Para o ministro, Aécio está longe de propor um debate consistente sobre segurança pública. "A coisa mais concreta que ele propôs foi a mudança no nome do ministério", afirmou.

"O Ministério da Justiça tem que ser indutor e não repassador. O ministério não é a Casa da Moeda, é parceiro do Estado. Em segurança pública, não existe hierarquia entre União e Estados", completou.

Pela Constituição, a responsabilidade pela segurança pública cabe primordialmente aos Estados.

Segundo Cardozo, o governo Dilma investiu de 2011 até agora R$ 14,4 bilhões na área –uma média de R$ 3,6 bilhões por ano. Em comparação, o petista apontou que ao longo dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foram investidos R$ 9,8 bilhões –média de R$ 1,2 bilhão por ano.

Consulta feita pela Folha ao Siafi (sistema de acompanhamentos dos gastos federais) mostra que Dilma gastou R$ 8,5 bilhões em segurança pública em 2013.

Em 2002, último ano de FHC, o gasto federal em segurança pública chegou, em valores corrigidos pela inflação, a R$ 4 bilhões. Se a correção for feita pelo fatia do PIB aplicada, o gasto no último ano do tucano equivaleria a R$ 7 bilhões hoje.

O discurso do tucano é uma resposta a uma das principais preocupações dos eleitores, captadas por várias pesquisas de opinião. Ao adotar essa narrativa, tenta também surfar num momento de manifestações de rua, muitas com atos de violência.

De acordo com pesquisa do Datafolha divulgada em abril, a Segurança Pública é vista como o segundo maior problema no país –ela é apontado por 20% dos brasileiros (saúde é o principal problema, segundo o instituto).

Cardozo disse ainda que apesar de Aécio afirmar que o governo federal engessa o financiamento de medidas para segurança nos Estados, há parcerias com governadores, independentemente de filiação partidária.

Para o sistema prisional, foram liberados R$ 1,2 bilhão em parcerias, diz. O ministro citou convênios com o governo de Alagoas e Minas Gerais, comandados pelo PSDB.


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