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Manterei o que Tarso fez de bom, diz pré-candidato do PDT ao governo RS

Edu Andrade/Folhapress
Vieira da Cunha (PDT)participa de sabatina promovida pela *Folha*, pelo portal UOL -ambos do Grupo Folha- e SBTO FOLHA***
Vieira da Cunha (PDT) participa de sabatina promovida pela Folha, portal UOL e SBT

O pré-candidato do PDT ao governo do Rio Grande do Sul, deputado Vieira da Cunha, afirmou nesta sexta-feira (23) que, se eleito, manterá o que a gestão do atual governador Tarso Genro (PT) fez de bom, mas disse que sua candidatura será de oposição.

"Eu não sou um candidato de oposição que vai deixar de reconhecer os avanços feitos pelo atual governo. Pelo contrário, eu acho que um dos grandes males da política é que quem assume quer desconstruir tudo que foi feito pelo governo anterior. O que o governo Tarso fez de bom eu vou manter, não só manter como reconhecer", disse durante sabatina promovida pela Folha, pelo portal UOL –ambos do Grupo Folha– e SBT com os principais pré-candidatos ao governo do Rio Grande do Sul.

Vieira da Cunha foi aliado de Tarso até o fim do ano passado, quando seu partido decidiu entregar os cargos que tinha no governo para lançar candidatura própria. O PDT ocupava até dezembro três secretarias (Saúde, Esporte e Gabinete de Prefeitos) no governo petista, além de postos como a presidência da CEEE (Companhia de Energia Elétrica do Estado).

Apesar da aliança até há poucos meses, o pré-candidato afirmou que sua candidatura será de "mudança" e "oposição". "Os erros dele [Tarso] é que motivaram a minha candidatura", afirmou.

"Nós vamos fazer um discurso de oposição exatamente porque, apesar da colaboração que nós demos ao governo Tarso Genro, há uma frustração generalizada", disse. Entre as ações do governo atual que o pré-candidato prometeu manter, caso seja eleito, estão os investimentos em saúde e as políticas sociais.

Vieira da Cunha foi entrevistado pelos jornalistas Marcelo Coelho, apresentador do SBT Rio Grande, e Diógenes Campanha, repórter da Folha. A sabatina também contou com perguntas de repórteres do SBT, telespectadores e internautas.

Na segunda-feira, será sabatinada a pré-candidata do PP, senadora Ana Amélia Lemos.

Assista ao 1º bloco da sabatina com Vieira da Cunha (PDT) (31'09")

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PRIORIDADE PARA EDUCAÇÃO

Segundo o pré-candidato, a prioridade de seu governo, caso seja eleito, será a construção de novas escolas de tempo integral. Não respondeu, contudo, quantas escolas desse tipo pretende criar em um eventual governo.

O Rio Grande do Sul possui atualmente 50 escolas funcionando em tempo integral, de um total de 2.570 estabelecimentos da rede estadual, segundo a Secretaria de Educação. Dessas, 19 foram feitas pela atual gestão.

Cunha criticou o governo Tarso, ex-ministro da Educação, por pagar um complemento ao salário-base dos professores para atingir o piso do magistério. "O atual governador se elegeu prometendo cumprir a lei nacional do piso, e nós sabemos que o Rio Grande do Sul é o único dos Estados que não cumpre a lei federal do piso nacional do magistério", afirmou.

DÍVIDA PÚBLICA

Segundo o pré-candidato, o maior desafio da próxima gestão será reorganizar as contas públicas do Estado para recuperar a capacidade de investimento.

Sobre o endividamento do Estado, Cunha afirmou que o projeto em tramitação no Congresso que prevê a renegociação da dívida pública não traria solução no curto prazo, porque o Estado continuaria comprometendo 13% de sua receita com o pagamento da dívida.

Segundo ele, é preciso "sensibilizar o governo federal para repactuar a dívida". "A curto prazo, o que nós temos que fazer é sensibilizar a União [para isso]. É o percentual de comprometimento que sufoca a nossa capacidade de investimento, e o projeto da presidente Dilma não mexeu nisso", disse.

O pré-candidato afirmou que, se eleito, não irá aumentar a carga tributária. Em vez disso, afirma que fará contenção de gastos, racionalidade administrativa, redimensionamento da máquina pública e corte de cargos de confiança.

SEGURANÇA

Para a área de segurança pública, Cunha prometeu convocar todos os aprovados em concursos públicos das polícias civil e militar, e realizar novos concursos se for necessário. Sobre a crise no sistema prisional gaúcho, ele afirmou que não fechará o Presídio Central de Porto Alegre, considerado o pior do país. A promessa de desativação da unidade foi refeita pelo governador Tarso Genro em sabatina na segunda-feira (19).

"Nós precisamos de um presídio aqui na capital, e esse já existe. O que nós precisamos é redimensioná-lo, reformá-lo, reestruturá-lo, mas não desativá-lo. Seria um absurdo, só agravaria o problema, que já é muito sério", afirmou.

PROTESTOS

Sobre como seu eventual governo atuaria com relação às manifestações, o pré-candidato disse que a Brigada Militar precisa agir "com rigor" em casos de violência e depredação de patrimônio público e privado.

"A Brigada tem que proteger as manifestações. Agora quando isso se transforma em atos de vandalismo, depredação do patrimônio, seja público, seja privado, aí a Brigada Militar tem que agir e agir com rigor. Um governo sob minha responsabilidade vai cumprir sua missão constitucional de garantir a ordem e de colocar criminosos onde eles têm de estar, na cadeia."

Assista ao 2º bloco da sabatina com Vieira da Cunha (PDT) (11'05")

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ALIANÇAS

Questionado sobre a aliança que seu partido firmou com o Democratas, Vieira da Cunha disse que, se o ex-governador Brizola, fundador do PDT, estivesse vivo, não só aprovaria a aliança, como ajudaria a atrair mais partidos.

"Eu preciso fazer uma aliança que me dê condições de transmitir as minhas propostas. E aliança se faz nem sempre com quem tu queres, mas com quem está disponível para se coligar contigo", disse. Além do DEM, o PDT confirmou aliança com o PSC, que indicou Flávio José Gomes, vice-presidente da Fecomércio local, como vice na chapa de Vieira.

O pré-candidato, no entanto, prefere esperar as negociações com outros partidos antes de definir o parceiro de palanque. Ele próprio convidou o presidente do PSD, José Paulo Cairoli, para ser seu vice, mas a sigla está próxima de fechar com o pré-candidato do PMDB, José Ivo Sartori. O PDT também negocia com PR, Pros e PV. O candidato ao Senado será Lasier Martins, do PDT.

DENÚNCIAS

Vieira, que é vice-presidente nacional do PDT, defendeu os colegas de partido de denúncias envolvendo o Ministério do Trabalho, ocupado pela sigla desde o governo Lula.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, deixou o cargo em 2011, em meio a acusações de supostas irregularidades em repasses da pasta com ONGs. O atual ministro, Manoel Dias, foi alvo de denúncias de que sindicatos pagariam propina para acelerar a concessão de registros e de participar de um esquema para empregar militantes do PDT como funcionários fantasmas.

"Evidentemente que é muito constrangedor para um partido que tem um compromisso histórico com a luta contra a corrupção ver nomes de seus dirigentes envolvidos [em denúncias]", disse Vieira. "Mas quero dizer que Carlos Lupi saiu em meio a uma série de denúncias e que não há nenhum processo tramitando contra ele. Com o ministro Manoel Dias é a mesma coisa."

Ele aproveitou para atacar o PT, que teve antigos dirigentes, como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, condenados no julgamento do mensalão. "Estamos virando a página da impunidade. Quando as denúncias têm fundamento, as pessoas estão sendo presas. Inclusive a alta cúpula de um partido político está cumprindo pena na Papuda", declarou.

SABATINAS

A série de sabatinas com os pré-candidatos ao governo do Rio Grande do Sul começou no dia 19 de maio com a participação do governador do Estado, Tarso Genro (PT), pré-candidato à reeleição. Genro disse que a reestruturação da dívida abrirá um crédito de R$ 4 bilhões para o Estado investir em infraestrutura.

No dia seguinte, o ex-prefeito de Caxias do Sul (RS) José Ivo Sartori (PMDB) foi o sabatinado e ironizou a fala de Tarso sobre dívida. Sartori afirmou que o projeto de renegociação das dívidas dos Estados que tramita no Congresso Nacional dará apenas um alívio momentâneo para as finanças locais.


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