Folha de S. Paulo


Greves de motoristas deixaram 240 mil sem ônibus na Grande São Paulo

Ao menos 240 mil passageiros ficaram sem ônibus nesta sexta-feira (23) na Grande São Paulo. Grevistas bloquearam garagens das empresas Mobibrasil e viação Osasco, que atendem ao todo dez municípios da região metropolitana.

Segundo a CMTO (Companhia Municipal de Transportes de Osasco), dos 198 ônibus da frota da viação Osasco que iriam para a rua hoje, apenas 16 saíram. A empresa atente os municípios de Osasco, Barueri, Carapicuíba, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Itapevi, Jandira e Cotia.

Representantes do sindicato dos Condutores de Osasco e Região e do sindicato patronal não chegaram a um acordo em reunião realizada durante a noite. Com isso, a greve dos motoristas e cobradores de ônibus da viação Osasco continua.

De acordo com Cícero Messias, 43, relator do conselho fiscal do sindicato dos Condutores, uma nova assembleia entre a diretoria da entidade e funcionários da empresa acontece às 9h da manhã deste sábado (24), quando será decidido se a paralisação permanece até segunda (26). O encontro será realizado em frente à garagem da matriz da viação Osasco

Em reunião na manhã desta sexta com representantes da viação e do sindicato, os motoristas apresentaram suas reivindicações. As três principais dizem respeito ao horário de almoço dos funcionários, o fim do desconto no salário em dias não trabalhados por doença e que os dias em greve não sejam descontados.

Editoria de Arte/Folhapress

A empresa pediu para que os grevistas aguardassem até as 15 horas desta sexta para dar uma resposta. A Justiça do Trabalho deu prazo de 15 dias para que haja um acordo entre grevistas e empresa. Se não houver acordo, levarão o caso a julgamento.

O salário atual é de R$ 1.933 para os motoristas e de R$ 1.115 para os cobradores. Eles pediam reajuste de 10%, mas a empresa concedeu 8%. A participação nos lucros, que era de R$ 700, foi para R$ 750. Os grevistas pediam R$ 1.200. O vale-refeição era de R$ 15,30 e subiu para R$ 16,50. Os motoristas pediam R$ 22.

Motoristas ouvidos pela Folha afirmaram que estão parados mais pelos três pontos que dizem respeito à viação Osasco do que pelos reajustes. "Se os três pontos discutidos hoje não forem resolvidos, vai ser difícil segurar os manifestantes", afirmou o motorista Cícero Messias, 43.

A estudante Stefany Silva, 17, mora em Carapicuíba e utiliza o terminal de Osasco. Ela conta que enfrenta dificuldades para chegar à escola desde quinta-feira, quando teve início a greve dos motoristas em Osasco. Hoje, ela saiu de casa às 5h20 da manhã e espera por um ônibus no terminal desde 6h40.

A estoquista Mariza Lima, 50, esperava por um ônibus no terminal desde as 9h. Ela trabalha das 8h às 18h, mas disse que seus patrões são compreensíveis e se ofereceram para buscá-la de carro. "Se os motoristas acham que é o melhor meio para reivindicar, tudo bem, desde que não prejudique as pessoas, porque muita gente perde", disse.

DIADEMA

Em Diadema, os motoristas e cobradores da empresa de ônibus MobiBrasil concordaram em suspender a greve e voltaram a trabalhar no início da tarde desta sexta-feira. Com isso, todos os 250 veículos da viação passam a circular normalmente.

A greve, que afetava cerca de 90 mil pessoas, foi iniciada ontem pelos trabalhadores que exigem equiparação do salário deles (R$ 1.800) com o dos trabalhadores do ABC, de R$ 2.500. Eles também pedem o fim da dupla função de motorista e cobrador, e fizeram críticas ao sindicato da categoria.

De acordo com o motorista e cobrador José Emilson, 44, os ônibus circularão até terça-feira (27), quando haverá uma assembleia com representantes da empresa, às 15h. "Se eles não concordarem com o que pedimos, vamos paralisar de novo", diz. "Equiparar nosso salário com o dos trabalhadores do ABC é inviável, mas queremos pelo menos que fique igual ao de São Paulo, que é de R$ 2.222."


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