Folha de S. Paulo


Sem-teto prometem 'junho vermelho' se reivindicações não forem atendidas

O coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, afirmou na noite desta quinta-feira (22), em São Paulo, que o movimento pode promover um "junho vermelho" caso não sejam aplicados investimentos na construção de moradias.

A afirmação aconteceu no encerramento do protesto desta quinta, e faz referência a cor do movimento. Inicialmente, não estão marcadas novas manifestações, mas caso não haja nenhum avanço nas reivindicações de moradia do grupo, os sem-teto prometem promover um protesto por semana.

Veja como foi a manifestação desta quinta-feira

"Tanto o MTST como todos os movimentos estão na rua por um motivo muito claro. Ninguém caminhou porque acha bonito. Se não atender as nossas reivindicações, vamos parar a Copa. Se não atender nossas reivindicações, no dia 12 de junho [abertura do Mundial] não teremos Copa do Mundo. Teremos a Copa do Povo porque vamos tomar as ruas da cidade", disse Boulos.

O ato desta quinta-feira é baseado na ideia "Hexa dos direitos", em alusão ao sexto título que a seleção brasileira busca. E reivindica moradia, transporte, saúde, educação de qualidade, entre outros. Também pedem "soberania na Copa".

O protesto desta quinta-feira reuniu em torno de 15 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Os organizadores, porém, apontam que esse número pode ter chegado a 20 mil. O grupo se reuniu no largo da Batata, em Pinheiros (zona oeste) e seguiu pelas avenidas Faria Lima e Cidade Jardim, até chegar na marginal Pinheiros e na ponte Estaiada.

A passeata foi pacífica e os manifestantes começaram a dispersar por volta das 21h, na ponte. Boulos disse que escolheu esse como o ponto final do ato por ser o cartão postal da cidade. "Hoje quem era o dono da bola e entrou em campo foi o povo (...) A Fifa já recebeu sua fatia do bolo, os empresários também. Queremos a nossa fatia e não é migalha", disse.

Durante o protesto, comércios baixaram as portas com medo da ação dos manifestantes. O shopping Iguatemi chegou a fechar sua entrada principal, na avenida Faria Lima, por cerca de 30 minutos. As estações de metrô e trem próximas do local do protesto também ficaram lotadas no final da tarde por conta do grande número de pessoas que se diria a região.

Logo no início da marcha, a reportagem viu um homem ser agredido por manifestantes, após tentar tirar a bandeira de um movimento. Ao menos duas pessoas também passaram mal e tiveram que ser atendidas. Um homem também se feriu ao cair em um buraco.


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