Folha de S. Paulo


Entrada do shopping Iguatemi é fechada durante passagem de protesto

O shopping Iguatemi teve uma das entradas fechadas por volta das 19h desta quinta-feira durante a passagem do protesto de sem-teto na frente do centro comercial. O grupo passava pela avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo. Houve um princípio de tumulto, mas foi logo controlado.

Veja como foi a manifestação desta quinta

Carros da segurança do shopping foram colocados na frente do local e policiais militares tentaram impedir a aproximação. O coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, falou com os policiais e pediu que os manifestantes seguissem a passeata.

Apesar do fechamento da entrada na Faria Lima por cerca de 30 minutos, as outras quatro entradas do shopping permaneceram abertas.

A administradora Maria do Carmo Pousada, 57, chegava ao shopping no momento em que os sem-teto passavam e encontrou as portas fechadas.

"Como estava muito trânsito, eu decidi sair do trabalho e ficar um tempo aqui", disse. "Não sou contra manifestações, mas acho que aqui não pode ser lugar de protesto. Eles têm os problemas deles, mas todos temos os nossos. Não pode atrapalhar os outros", completou.

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A manifestação, que teve início do largo da Batata, reuniu em torno de 15 mil pessoas, segundo estimativa da PM. Os organizadores, por outro lado, apontam que o número pode ter chegado a 20 mil. O ato provocou lotações em estações de metrô da região e fez com que comércios fechem as portas por onde eles passam. Apesar disso, ele aconteceu de forma pacífica.

Por volta das 19h30, os manifestantes já tinham liberado a avenida Faria Lima, e seguiam pela Cidade Jardim, em direção a ponte Estaiada. O caminho foi aberto por policiais militares, que bloquearam a pista local da marginal Pinheiros antes mesmo da chegada dos manifestantes.

SEM-TETO

"Hoje é nosso terceiro ato. Queremos trazer a Copa para os trabalhadores. Empresários e a Fifa tiveram seu pedaço do bolo. O trabalhador agora quer a sua fatia do bolo", afirmou o coordenador do MTST antes do início da passeata. Ele afirmou que a situação da invasão "Copa do Povo", na região do Itaquerão, deve ser resolvida em audiência nesta sexta-feira (23).

Na noite da última quarta-feira (21), houve uma reunião com a direção da construtora Viver, dona da área invadida. Segundo Boulos, a construtora se mostrou favorável a uma "solução pacífica". Ele afirmou, porém, que sem garantias de moradia às famílias que estão acampadas no local, haverá resistência.

"Se a opção da construtora e dos governos for tratar a questão como um caso de polícia e buscar garantir posse sem nada para as famílias, vai haver resistência. Se querem produzir uma Copa com sangue, essa é a oportunidade que eles têm", concluiu Boulos.

Cada coordenador de ocupações é responsável por seu grupo. Líder da Ocupação Dona Déda, no Campo Limpo, Clayton Veloso, 33, chamou as pessoas de seu grupo para explicar como agir para evitar acidentes ou violência. "Todas as ocupações se concentram para ir ao final da marcha. Como a gente chegou agora, estou pedindo para que eles sigam mais atrás", explicou.

O ato desta quinta-feira é baseado na ideia "Hexa dos direitos", em alusão ao sexto título que a seleção brasileira busca. E reivindica moradia, transporte, saúde, educação de qualidade, entre outros. Também pedem "soberania na Copa".

Logo no início da marcha, a reportagem viu um homem ser agredido por manifestantes, após tentar tirar a bandeira de um movimento. Uma mulher também passou mal e teve que ser atendida pelos bombeiros.


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