Folha de S. Paulo


Suíça rejeita caça que o Brasil comprou

Um plebiscito realizado neste domingo (18) na Suíça rejeitou a compra, pelo país, de 22 caças Gripen NG –o mesmo modelo escolhido pelo governo brasileiro no fim do ano passado para o reequipamento da Força Aérea.

A compra, de US$ 3,5 bilhões (R$ 7,7 bilhões pelo câmbio desta segunda, 19), era o segundo maior negócio da fabricante sueca Saab em curso. O primeiro, de US$ 4,5 bilhões (R$ 9,9 bilhões), é a encomenda de 36 unidades pelo Brasil.

A Suécia segue sendo a outra compradora do modelo, com 60 unidades encomendadas e o estudo para adquirir mais 10. A questão é que o custo para o governo sueco pode ficar mais caro, porque a Saab já contava com a encomenda suíça para otimizar a produção local –quanto mais aviões, mais baratos eles ficam.

No caso brasileiro, não é esperada alteração de preços, já que o pré-acordo com a Saab é posterior ao negócio com a Suíça, e a empresa não havia colocado a encomenda brasileira em sua previsão para o fornecimento ao governo da Suécia. Outros países operam versões anteriores do caça.

O Gripen havia sido selecionado na Suíça há mais de dois anos, e o Parlamento local havia aprovado a compra em setembro passado. Mas a tradição helvética de tomar decisões, das mais banais às mais importantes, por meio de plebiscitos e referendos acabou derrubando o negócio.

Segundo o governo suíço, 53,4% dos eleitores rejeitaram a compra, considerando-a não prioritária. A defesa aérea do pequeno país europeu está a cargo de caças F-18 Hornet e os obsoletos F-5, os mesmos que estão "segurando as pontas" no Brasil após a aposentadoria dos Mirage-2000 no ano passado.

Os primeiros Gripen "tampão", de modelo anterior ao que foi comprado pelo Brasil, devem chegar em 2016 –dois anos antes das primeiras entregas da versão NG, que na Suécia é conhecida como E/F.

A mesma rodada de votações impediu outra medida envolvendo o Orçamento suíço: a elevação do salário mínimo local para o mais alto nível do mundo, na casa dos R$ 10 mil.


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