Folha de S. Paulo


Moradores de favela de São Paulo não conhecem Eduardo Campos

William Volcov/Brazil Photo Press
A pernambucana Severina da Silva fotografa Eduardo Campos em visita a Paraisópolis
A pernambucana Severina da Silva fotografa Eduardo Campos em visita a Paraisópolis

"Eduardo Campos? E quem é esse?". A pergunta feita pela estudante Nara Silvestre, 17, foi repetida por outros moradores de Paraisópolis, que se depararam na sexta-feira (16) com um movimento atípico na favela. Ao lado de aliados e seguido por jornalistas e fotógrafos, o pré-candidato do PSB à sucessão presidencial circulou por quase duas horas por ruas e becos.

Sem gravata e com mangas dobradas, cumpriu agenda típica de campanha eleitoral: tirou fotos com crianças, visitou escola e concedeu entrevista para rádio local. No corpo a corpo, muitos não reconheceram o presidente nacional do PSB, que, ao cumprimentar moradores, não perdia a chance de se apresentar: "Eu sou Eduardo Campos, muito prazer".

Em um esforço de tornar-se conhecido no Sudeste, região onde tem apresentado o seu pior desempenho nas pesquisas eleitorais, o presidenciável escolheu Paraisópolis para o seu primeiro compromisso popular desde que se mudou para São Paulo, no mês passado.

A proposta inicial era de que tivesse a companhia de sua pré-candidata a vice, Marina Silva, durante a visita. Um encontro da juventude da Rede, em Brasília, no entanto, não permitiu que a ex-senadora, mais conhecida em São Paulo que o dirigente do PSB, estivesse presente.

Nas últimas campanhas eleitorais, a favela de habitantes tornou-se destino obrigatório de candidatos à sucessão presidencial. Em 2010, por exemplo, tanto Dilma Rousseff (PT) como José Serra (PSDB) a visitaram durante visita à capital paulista.

Um deles, que reconheceu o pré-candidato logo de cara, foi a dona de casa Severina Lúcia Torres da Silva, 48, nascida em Recife (PE). Há 30 anos na capital paulista, ela disse tê-lo reconhecido "da televisão". "Eu estou há 30 anos em São Paulo, então não peguei o governo dele em Pernambuco. Mas eu lembro do avô dele, o Miguel Arraes", disse.

'BANDEJA DE OVOS'

O dirigente do PSB foi recebido na favela pela Orquestra Filarmônica de Paraisópolis, formada por jovens e adolescentes, e assistiu a apresentação do grupo de balé da comunidade. Em entrevista à Rádio Nova Paraisópolis, não deixou de fazer críticas ao governo federal, mas adotou um discurso mais próximo do público ouvinte.

Para explicar os impactos do aumento da inflação deu exemplos da diminuição do poder de compra da população nos últimos anos.

"Há pouco, uma senhora me disse que ela comprava uma bandeja de ovos por R$ 6. Agora, está comprando a R$ 11. Ou seja, as pessoas estão percebendo que estão levando o dinheiro para as compras e estão trazendo menos mercadorias para a casa", disse.

O presidenciável prometeu ainda, caso seja eleito,uma maior oferta de vagas em creches, uma das principais reivindicações da comunidade. Mesmo assim, não agradou a todos. O dirigente do PSB respondeu a perguntas de estudantes de uma escola privada sobre meio ambiente e educação. " Ele não olhou nos meus olhos e não me convenceu", reclamou Giovana Duarte, 15.


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