Folha de S. Paulo


Com PMs e Exército nas ruas, Recife volta à rotina

O primeiro dia após o anúncio do fim da greve da Polícia Militar em Pernambuco foi de volta à rotina. Se na noite de quinta-feira (15) o Recife tinha ares de cidade fantasma, nesta manhã de sexta-feira (16) a capital já voltava ao normal.

Em todas as regiões da cidade, pessoas caminhavam nas ruas, e o comércio reabriu. Até os congestionamentos, que um dia antes haviam desaparecido por causa dos assaltos, saques e arrastões, voltaram a tomar conta da cidade.

A diarista Leni Souza, que faltou ao trabalho na quinta-feira, voltou nesta sexta-feira. "Ontem eu fiquei tão nervosa que chorei vendo os saques na televisão", disse.

A vendedora Lucilene Araújo, 18, disse que só se sentiu segura ao ver homens do Exército e da PM fazendo ronda no bairro de Peixinhos, em Olinda, nesta manhã. Na noite anterior, ela ainda não acreditava que a greve havia acabado.

"Pensei que era mentira. Mas hoje já dá para ver que as coisas estão normais", afirmou Araújo, que vende cartelas de jogo em uma banca na calçada.

Na loja de eletrodomésticos da região, funcionários removeram os tapumes instalados no dia anterior por causa da onda de saques. O comércio em Casa Amarela, na zona norte do Recife, e em São José, no centro, também reabriram nesta manhã.

A Folha circulou por todas as regiões da cidade e só não encontrou PMs na zona sul. Nas demais áreas, eram poucos veículos da polícia, mas as tropas estavam nas ruas.

Os jogos do Brasileiro entre Náutico e Vasco, no sábado (17), e Sport e Bahia, no domingo (18), foram adiados respectivamente para 6 e 4 de junho por causa da greve. A decisão de adiar os jogos no Recife foi tomada enquanto os PMs estavam parados, mas mantida mesmo após a volta dos militares ao trabalho.

INVASÃO

Na noite de quinta-feira (15), pouco antes de líderes grevistas anunciarem o fim da paralisação, dezenas de pessoas tentaram invadir diversas vezes uma unidade do supermercado Carrefour que fica ao lado de uma favela na Imbiribeira, zona sul do Recife.

A Polícia Civil usou balas de borracha, bombas de gás e de efeito moral para conter os invasores, que só desistiram de tentar entrar no mercado após a chegada de um veículo do Exército.

De acordo com a Polícia Civil, 234 pessoas foram detidas durante a greve da PM por furtos, roubos, perturbação do sossego, porte ilegal de arma e dano qualificado.

O número de homicídios chegou a 27 em todo o Estado neste período. O comando da Polícia Militar informou que a média diária de 5.500 homens em atuação no Estado já foi restabelecida.


Endereço da página:

Links no texto: