Folha de S. Paulo


André Vargas retoma mandato na Câmara

O deputado André Vargas (sem partido-PR) reassumiu hoje o seu mandato na Câmara dos Deputados. Acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô de um esquema de lavagem de dinheiro, o parlamentar retorna à Casa para se defender em uma investigação no Conselho de Ética.

Em um documento entregue à direção da Casa, o deputado pede sua reinserção no quadro parlamentar e a permissão para que volte a participar das votações nas comissões e no plenário. Vargas pediu licença do cargo no início do mês passado após as denúncias de que ele viajou com a família em um jato emprestado pelo doleiro e utilizou sua influência política para ajudar os negócios de Youssef.

Acusado de quebra de decoro parlamentar, Vargas tem dez dias para apresentar sua defesa no Conselho de Ética. Ele foi notificado oficialmente ontem em publicação no Diário Oficial da União. O colegiado tentou notificar Vargas pessoalmente por cinco vezes, conforme determinam as regras da Casa, mas ele não foi localizado. Ele poderá apresentar a sua defesa por escrito.

O processo de cassação foi instaurado em abril com base em uma representação protocolada por PSDB, DEM e PPS. O relator do caso, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), afirmou que pretende investigar as denúncias e apresentar seu parecer o mais rápido possível. Se ele entender que Vargas feriu o decoro parlamentar, ele pode pedir a cassação do seu mandato.

Na semana passada, a Justiça Federal no Paraná enviou um parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) informando que a PF concluiu que o conteúdo das mensagens trocadas entre o deputado Vargas e Youssef "tem possível caráter criminoso".

O Conselho de Ética adiou para amanhã a instauração de um outro processo, desta vez contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), também acusado de envolvimento com Youssef.

A Folha revelou na semana passada, que o doleiro bancou de um a dois caminhões lotados de bezerros para Argolo ao custo de R$ 110 mil. Após a instauração do processo, o conselho irá sortear um nome para ser o relator do caso.

Um processo contra o deputado já está em andamento na Corregedoria da Câmara, que analisa as denúncias. O corregedor, deputado Átila Lins (PSD-AM), poderá enviar o caso para o Conselho de Ética se considerar que o deputado cometeu irregularidades.


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