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'Não teria problema em ser vice de Alckmin', afirma Kassab

Rodrigo Capote/UOL/Folhapress
Ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) participa de sabatina no estúdio do UOL, em São Paulo
Ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) participa de sabatina no estúdio do UOL, em São Paulo

Pré-candidato do PSD ao governo de São Paulo, Gilberto Kassab disse nesta terça-feira (13) que "não teria nenhum problema" em ser vice na chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O ex-prefeito da capital paulista afirmou que a aliança com o tucano seria "coerente" com seu passado e história política.

"Não teria problema [em ser vice de Alckmin], seria algo coerente com meu passado e com minha história político-partidária", declarou Kassab em sabatina promovida pela Folha e portal UOL –ambos do Grupo Folha–, SBT e rádio Jovem Pan.

Nas últimas semanas, o PSDB em São Paulo tem ensaiado uma reaproximação com o ex-prefeito e Alckmin disse que Kassab "tem todas as qualificações" para compor sua chapa à reeleição. Apesar das movimentações, Kassab ainda mantém o discurso público de que será candidato pelo seu partido, o PSD. Questionado sobre quais as chances de encabeçar uma chapa majoritária este ano, o ex-prefeito reforçou: "Sou candidato".

Kassab defendeu a aliança com o governo da presidente Dilma Rousseff e disse que o apoio à reeleição da petista está vinculado a uma "decisão partidária". Segundo ele, "não há incoerência" nas conversas com tucanos e outros partidos de oposição à presidente em âmbito estadual.

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"Não vejo incoerência em apoiar Dilma e apoiar Alckmin. A maioria do partido definiu apoio à presidente Dilma", explicou. Para ele, esse tipo de arranjo é "normal em um país que permite alianças" e, por isso, diz ele, o Brasil precisa de uma reforma política. "O governo Dilma errou, o governo Lula errou, o governo FHC errou em não fazer a reforma política", disse Kassab.

Participaram da sabatina os jornalistas Ricardo Balthazar, editor do caderno "Poder" da Folha, Josias de Souza, blogueiro de política do UOL, Fábio Diamante, repórter do SBT, e Patrick Santos, da Jovem Pan.

O ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde), que deve disputar o governo de São Paulo pelo PT, abriu a série de sabatinas. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tentará a reeleição, e o pré-candidato Paulo Skaf (PMDB) ainda não responderam se vão participar.

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ESCÂNDALO DO ISS

O ex-prefeito de São Paulo disse ainda que "não sabia" do desvio de R$ 200 milhões da Secretaria de Finanças por funcionários de sua gestão no esquema que ficou conhecido como máfia do ISS (Imposto Sobre Serviço) e que apurou todas as denúncias de corrupção enquanto esteve à frente da Prefeitura.

"É evidente que eu não sabia [do desvio de dinheiro]. Todos os casos de denúncias de corrupção na nossa gestão foram apurados e punidos, alguns foram até afastados. São Paulo tem mais de 180 mil servidores, o importante é o combate. Criamos na nossa gestão a Corregedoria. O prefeito Fernando Haddad está aperfeiçoando", disse Kassab.

Em outubro de 2013, ex-funcionários da prefeitura foram presos acusados de um desvio milionário que pode chegar a pelo menos R$ 500 milhões. A investigação transcorreu no início da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) e atingiu em cheio a cúpula das finanças da gestão de Kassab.

Os funcionários são acusados de integrar uma quadrilha que recebia propina de grandes construtoras para fornecer a elas certidões de quitação de ISS sem que pagassem tudo o que era devido.

REAJUSTE DAS TARIFAS

Questionado sobre um possível reajuste nas tarifas do transporte público em São Paulo, principal motivador das manifestações de junho de 2013, Kassab defendeu "o subsídio mais alto possível".

"Eu defendo o [subsídio] mais alto possível, ou seja, quanto o Estado pode suportar sem afetar a população e, ao mesmo tempo, visando o equilíbrio público. O governo federal deve rediscutir sua distribuição", afirmou.

ÁGUA

O nível do sistema Cantareira, que no domingo (11) ficou abaixo de 9% pela primeira vez, atingiu 8,6% de sua capacidade nesta terça-feira (13). Questionado sobre se o governo teria culpa pela falta de água, Kassab disse que houve pouco investimento.

"Nos últimos 40 anos houve pouco investimento do governo. A água que pode ser capitada pelo Vale do Ribeira não foi feita. A imprensa deve cobrar de todos os candidatos, quando definidas as convenções, o compromisso muito claro."

A cidade de São Paulo já está há quase 30 dias sem chuva significativa, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura. Previsões indicam chuvas de maior volume apenas a partir do próximo dia 20, por conta da passagem de mais uma frente fria pelo Estado.

O sistema Cantareira é responsável pelo abastecimento de parte da capital e de municípios da Grande São Paulo. No total, mais de 8 milhões de pessoas recebem água do Cantareira diariamente. O reservatório ainda atende municípios da região de Campinas, no interior do Estado.

Algumas regiões da capital paulista e da Grande São Paulo já sofrem efeito da falta de água. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) refuta a ideia de ter racionamento. Para Kassab, "é uma situação delicada. O racionamento causa transtornos na rede quando retoma a circulação, que precisa ser reformada. Eu não adotaria o racionamento, mas teria adotado políticas públicas com mais antecedência".

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DATAFOLHA

Questionado sobre a pesquisa Datafolha que aponta a gestão de Gilberto Kassab como a pior dos últimos 30 anos, o ex-prefeito disse que discorda da pesquisa. "Eu discordo. Eu tenho o maior respeito pelo Datafolha. Mas, ele pegou o primeiro ano da minha gestão quando não era conhecido. Deveria ter pego o segundo ano. A pesquisa está correta. Eu discordo da forma como foi apresentado comparou laranja com banana. Eu cresci e fui eleito prefeito", disse Kassab.

Marta Suplicy (PT), hoje ministra da Cultura, é considerada a melhor por um a cada quatro moradores da cidade, segundo pesquisa Datafolha. Os tucanos Mário Covas (1983 a 1985) e José Serra (2005 e 2006) ficaram em seguida na preferência de 16% e 15% dos entrevistados, respectivamente.

Kassab também falou sobre a declaração de Fernando Haddad (PT), que disse que encontrou a prefeitura numa situação de "descalabro". Na época, Kassab respondeu e disse que "descalabro" era o primeiro ano de gestão dele.

"Respondi no mesmo tom e encerrei a questão. Não vou cometer os mesmos erros dos meus adversários e fazer falsas promessas. Prefiro comparar gestões. Torço para o sucesso de Haddad. O sucesso dele é o sucesso da cidade. Após a primeira metade de gestão dele nós vamos poder comparar. Porque os problemas são grandes. Estou me preparando dentro do partido, com equipe, para que a gente possa comparar a gestão dele com a minha a partir de janeiro."

O ex-prefeito também destacou que até agora Haddad tem poucas realizações. "Até o momento são poucas realizações, mas entendo que as realizações são lentas porque os problemas são grandes. Espero, no final da gestão dele, aprovar a gestão", concluiu.

SEGURANÇA PÚBLICA

Em relação à segurança pública, Kassab afirmou que que criou a operação delegada e baixou os índices de violência na capital paulista.

"Criamos a operação delegada, fizemos convênio para que policiais trabalhassem em horário de folga e melhoramos muito os índices de violência em várias regiões, principalmente no centro de São Paulo. Também criamos a Secretaria da Segurança Urbana, melhoramos os salários dos policiais. Na segurança, faltam recursos, faltam policiais, faltam remunerações adequadas."


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