Folha de S. Paulo


Presidente da Câmara pede agilidade no processo contra Argôlo

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um apelo para que a Corregedoria da Casa analise o mais rapidamente possível o pedido de investigação contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA). Alves prometeu levar o caso para análise da cúpula da Casa assim que receber o parecer do corregedor Átila Lins (PSD-AM).

"Falei com o corregedor, pedir que agilizasse os prazos. O deputado terá cinco dias regimentais para apresentar sua defesa e imediatamente virá o parecer da Corregedoria e o levarei à Mesa em 24 horas. Esse caso não pode perdurar do jeito que está", afirmou Alves na manhã de hoje.

Argôlo é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato que desvendou um esquema de lavagem de dinheiro. Argôlo pagou com cota parlamentar da Câmara uma empresa para qual ele pede um depósito de R$ 50 mil ao doleiro, em uma conversa interceptada pela Polícia Federal.

Para o presidente, o caso desgasta a Câmara e por isso a Casa deve ser "exemplar" ao apurar o caso e eventualmente punir o deputado acusado. "[O caso] não é a regra, é uma exceção. Ninguém pode achar que aqui todos tenham atitudes assim ou assada. Aqui, acolá cometem equívocos e Casa tem que ser exemplar no seu ato de punir e repreender. Vamos apurar, o direito de defesa o parlamentar terá, e a Casa tem que ser rápida, portanto, no poder de apuração e na sua decisão", afirmou Henrique.

Ontem, Argôlo assinou o documento em que é citado como investigado na Corregedoria da Câmara. Ele terá cinco dias para apresentar a sua defesa no colegiado. A partir dos seus argumentos e das denúncias apresentadas, o corregedor irá elaborar um parecer em que pode pedir que o caso seja encaminhado para o Conselho de Ética da Casa para que seja apurado o indício de quebra de decoro parlamentar. O processo pode pedir a cassação do mandato de Argôlo.

Átila Lins disse à Folha que irá priorizar este processo porque considera o caso grave. "Não posso fazer nenhum prejulgamento mas os indícios são muito fortes sobre o envolvimento dele com o doleiro", disse.

Reprodução/Facebook Luiz Argôlo
O deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) é suspeito de ter envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato
O deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) é suspeito de ter envolvimento com o doleiro Alberto Youssef

INVESTIGAÇÃO

O pedido de investigação foi feito à Corregedoria da Câmara pelo líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Na tarde de ontem, o PSOL também apresentou uma representação contra Argôlo diretamente no Conselho de Ética da Casa.

O colegiado deverá abrir o procedimento para avaliar se o pedido de investigação deve ser aceito ou não. Se os deputados aceitarem a representação, o conselho terá 90 dias para concluir o processo. Se for constatada a quebra de decoro parlamentar, o conselho também pode pedir a cassação do mandato do deputado. Caso o processo da Corregedoria chegue ao Conselho, as duas representações serão fundidas e tramitarão como uma só no conselho.

No início da semana, a Folha revelou que relatório da Polícia Federal interceptou mensagens de texto indicando que o deputado pediu dinheiro ao doleiro para pagar gado em seu Estado, na Bahia.

No mês passado, a revista "Veja" publicou que Argôlo pedira R$ 120 mil para Youssef, que transferiu para o chefe de gabinete do deputado. Segundo a revista, Argôlo nega que o ''LA'' do relatório policial seja ele.


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