Folha de S. Paulo


Com cota da Câmara, Argôlo contratou firma citada em diálogo com doleiro

O deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) pagou com cota parlamentar da Câmara dos Deputados uma empresa para qual ele pede um depósito de R$ 50 mil ao doleiro Alberto Youssef, em uma conversa interceptada pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Ontem, o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) assinou o documento em que é citado como investigado na Corregedoria da Câmara. Ele terá cinco dias para apresentar a sua defesa. O pedido de investigação foi feito à Corregedoria da Câmara pelo líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

Como a Folha revelou na terça-feira (6), "LA", como é o apelido de Argôlo nas mensagens interceptadas, pede um depósito ao doleiro de R$ 110 mil para uma pessoa e uma empresa.

"Esses 110 resolvem tudo, 50 de um e 60 de outro, diga que você consegue, vá", escreve Argôlo em mensagem de texto. Youssef, então, responde: ''Ok, vou correr atrás para fazer bjo."

Reprodução/Facebook Luiz Argôlo
O deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) é suspeito de ter envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato
O deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) é suspeito de ter envolvimento com o doleiro Alberto Youssef

A empresa é a União Brasil Transporte e Serviços, a mesma que recebeu R$ 30 mil do deputado em serviços de R$ 15 mil em 2011 e o restante em 2012 com cota do gabinete. Na conversa com Youssef, há uma indicação de R$ 50 mil para depósito na conta da União Brasil.

A outra conta fornecida pelo deputado é de Júlio Gonçalves de Lima Filho (indicação de depósito de R$ 60 mil), que diz ter vendido gado ao deputado. Após a primeira mensagem, no mesmo dia, Argôlo volta a pressionar o doleiro para que o pagamento seja feito. "E aí?". Youssef responde: "Mandei fazer". O deputado questiona: "Os dois?". O doleiro diz que sim.

A Folha tentou ontem, sem sucesso, falar com os representantes da União Brasil. Também entrou em contato com o gabinete do deputado na quarta-feira (7) e enviou e-mail questionando para quais serviços a empresa foi contratada pelo gabinete. A assessoria do deputado não respondeu à reportagem.

No mês passado, a revista "Veja" publicou que Argôlo pedira R$ 120 mil para Youssef, que transferiu para o chefe de gabinete do deputado. Segundo a revista, Argôlo nega que o ''LA'' do relatório policial seja ele.


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