Folha de S. Paulo


Polícia do Rio reafirma que caseiro participou da morte de Malhães

A Polícia Civil do Rio negou na tarde desta terça-feira (6) a versão que o caseiro Rogério Pires, suspeito de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães, deu para senadores da Comissão de Direitos Humanos, no Rio.

A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da comissão, os senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous, visitaram o caseiro que está em uma cela na Delegacia Antissequestro, no Leblon, zona sul.

Aos parlamentares, o caseiro negou participação no caso, disse não ter advogado para defendê-lo e alegou ser analfabeto.

Após a visita ao suspeito, comitiva seguiu para a sede da Polícia Civil, no centro do Rio, para tentar esclarecer as versões divergentes, em uma reunião a portas fechadas.

Ao término da reunião, o delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, responsável pelo caso, Pedro Henrique Medina, afirmou que Pires confessou participação no caso em três depoimentos. A polícia, disse ele, só não tem certeza se o caseiro participou diretamente da ação que matou o coronel, mas dá como certo seu envolvimento no caso.

"Nós temos vasto material sobre a suspeita e é inegável o envolvimento do caseiro no crime", disse Medina.

Com relação aos depoimentos tomados sem a presença de advogado, Medina afirmou apenas que durante o inquérito "foram obedecidas todas as normativas do código de processo penal".

Sobre o fato de o caseiro estar desde a semana passada preso em uma delegacia e não em um presídio estadual, o delegado disse que a medida foi tomada "para que se tenha acesso mais fácil ao suspeito".

De acordo com o delegado, há dois mandados de prisão expedidos para outros dois suspeitos que teriam participado da invasão do sítio do coronel. Essas duas pessoas seriam irmãos de Pires.

O laudo do Instituto Médico Legal que irá determinar a causa da morte do coronel ainda não está disponível. Segundo o delegado, o perito responsável pediu mais dez dias de prazo para conclusão.

Medina afirmou ainda que a investigação considera todas as possibilidades, mas novos detalhes não poderão ser revelados porque o inquérito corre em sigilo.

MORTE

No dia 25 de abril, Malhães foi encontrado morto com sinais de asfixia, num dos cômodos de seu sítio, em Nova Iguaçu (RJ). Na ação dos criminosos, a mulher do militar e o próprio caseiro foram amarrados em quartos distintos, após a invasão da casa.

O coronel reformado havia prestado, um mês antes, depoimento à Comissão da Verdade no qual reconhecia ter participado de torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura militar (1964-1985). Membros de comissões da Verdade nacional e do Rio suspeitam de "queima de arquivo".


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