Folha de S. Paulo


Em ato unificado, CUT, CTB e CSB pedem redução da jornada de trabalho

Danilo Verpa/Folhapress
Milhares de pessoas participam de evento da CUT no Vale do Anhangabau, região central de SP
Milhares de pessoas participam de evento da CUT no Vale do Anhangabaú, região central de SP

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) realizam comemoração conjunta neste 1º de Maio, dia em que se comemora o Dia do Trabalho, no Vale do Anhangabaú, na região central da capital paulista.

De acordo com a organização do evento, as centrais querem o fim do fator previdenciário; o arquivamento do projeto de lei de autoria do deputado Sandro Mabel –que regula a terceirização do trabalho–; mais investimentos em saúde, educação, segurança e transporte; além da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Esta última demanda, inclusive, é a mais reforçada pelos presidentes das centrais.

Segundo Antonio Neto, da CSB, o projeto de lei que diminui a carga horária dos trabalhadores já está no Congresso Nacional há 19 anos. Na última sexta-feira (25), em reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o presidente da CUT, Vagner Freitas de Moraes, ouviu do próprio que o projeto de lei será colocado em votação. "Ele me garantiu que o projeto será colocado em votação", disse.

No próximo dia 6, as centrais voltarão ao Congresso para explanar as reivindicações a uma Comissão Geral. "Esperamos encontrar respaldo no Congresso, até porque, essas medidas, em um ano eleitoral, podem render votos", concluiu Moraes.

PRONUNCIAMENTO DE DILMA

O pronunciamento da presidente da república, Dilma Rousseff, realizado ontem em cadeia nacional, repercutiu entre os sindicalistas. Eles avaliam que a correção, embora pequena, da tabela do Imposto de Renda, além da manutenção da política de aumentos reais do salário mínimo, são um "bom começo".

Antonio Neto, no entanto, entende que é preciso continuar a pressionar o governo. "A revisão da tabela do Imposto de Renda é só o começo. Creio que é possível atender a mais medidas. Se alguém pode fazer isso, é o PT", disse. "Dilma assumiu essa luta do salário mínimo e está enfrentando ]interesses contrários a isso. É por isso que continuaremos a defender o seu projeto", afirmou Adilson Araújo, da CTB.

ATO RELIGIOSO CONTRA A MÍDIA

No início das comemorações pelo dia do trabalhador, um ato interreligioso foi organizado pelas centrais. Líderes de diversas crenças subiram ao palco e pregaram por seus deuses, e contra a mídia. Aliás, esse foi o único consenso entre eles.

O umbandista Pai Cássio lembrou dos torturadores, anistiados durante o processo de redemocratização, cuja situação vem sendo questionada durante as investigações das Comissões estadual e nacional da Verdade. "A mídia, sempre mancomunada com a ditadura, se cala na questão da anistia a torturadores. Torturadores não podem ser perdoados, e a mídia se omite nessa questão até hoje", avaliou.

Um padre argentino também questionou a imprensa brasileira. "As informações que chegam até vocês (o público presente) de Venezuela, Cuba e Argentina, são tortas", alertou. "Precisamos lutar por uma mídia mais democrática, mais justa", completou.

Apresentadores do evento também não pouparam críticas. "Dizemos não aos meios que se vendem ao poder capitalista. O Brasil só será moderno com uma imprensa democrática."


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