Folha de S. Paulo


Para Campos, governo segura preços para aplicar 'tarifaço' depois de eleição

O pré-candidato do PSB à sucessão presidencial, Eduardo Campos, acusou nesta quarta-feira (30) o governo federal de segurar os preços da energia e dos combustíveis em ano eleitoral para não permitir que a inflação ultrapasse o teto da meta oficial.

Segundo ele, a mesma estratégia foi utilizada em governos anteriores, que seguraram os preços e os elevaram apenas após a disputa eleitoral, quando aplicaram para a população uma espécie de "tarifaço".

"O controle que se estabelece sobre a inflação é um controle da fase pré-real, quando se seguram os preços administrados, como da energia e de combustíveis, para depois da eleição", disse. "O povo brasileiro, sobretudo aqueles mais velhos, já viveram eleição assim. [Eles] seguram os preços e, no dia seguinte, vem um 'tarifaço' e atinge fortemente os assalariados", acrescentou.

Segundo o dirigente nacional do PSB, se o governo federal não tivesse segurado o aumento dos preços da gasolina e da energia, a inflação oficial já teria ultrapassado o teto da meta, que é de 6,5%, O índice fechou o mês de março em 6,15% no acumulado nos últimos doze meses.

A presidente Dilma Rousseff rebateu nesta quarta-feira (30), em viagem a Camaçari (BA), críticas da oposição sobre a alta da inflação e alegou que seu governo tem, na média dos três primeiros anos, a menor taxa de inflação se comparada aos governos anteriores, inclusive do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A petista também minimizou as críticas à política econômica e afirmou que "muitas vezes, pinta-se a realidade com cores negras para se aproveitar das circunstâncias".

Em resposta ao discurso da presidente, Eduardo Campos afirmou que não é possível saber a cor da realidade, uma vez que, na avaliação dele, falta transparência do governo federal na divulgação de dados oficiais.

BANCO CENTRAL

O pré-candidato do PSB participou, ao lado da ex-senadora Marina Silva, de reunião da coligação PSB-Rede-PPS-PPL para discutir as propostas na área econômica para elaboração do programa de governo.

Ele reconheceu que não há consenso) em relação a proposta para garantir uma autonomia efetiva do Banco Central. A divergência foi antecipada pela Folha.

"Nós temos um claro consenso de que o Banco Central deve ter autonomia para fazer uma boa gestão da política monetária, que deve ter sinergia com a política fiscal. E temos um debate que ainda não é consensual, nem entre os técnicos, de diversas possibilidade, como essa autonomia evoluir para uma autonomia também jurídica", disse.

A reunião teve a participação de economistas, como o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Bernard Appy, o ex-presidente do BNDES André Lara Resende, o economista Eduardo Giannetti, entre outros.


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