Folha de S. Paulo


Polícia do Rio ouvirá ex-funcionários de coronel reformado morto

O delegado da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense Marcus Castro, um dos responsáveis pela investigação da morte do coronel reformado Paulo Malhães, 76, morto durante invasão de criminosos a sua casa na quinta-feira (24), na região rural de Nova Iguaçu (RJ), afirmou nesta segunda que vai ouvir ex-funcionários do oficial.

O crime com o militar aconteceu um mês depois dele admitir à Comissão Nacional da Verdade que torturou e matou presos políticos na ditadura.

"Estamos chamando os familiares [do coronel] para fazer uma retrospectiva de quem foram os funcionários do oficial, o que eles fizeram, quanto tempo trabalharam com ele, onde estavam no dia do crime, se existiram desafetos", disse o delegado.

A polícia também traça o perfil da vítima para saber quais eram os seus relacionamentos sociais e com quem ela convivia nos últimos dias. Mais cedo, duas filhas do coronel foram ouvidas na delegacia. Elas não quiseram dar entrevista.

Segundo o delegado, o laudo cadavérico deve ser divulgado nas próximas horas pelo Instituto Médico Legal (IML). Ele diz que ainda é cedo para confirmar que o coronel morreu de infarto. "Também não posso dizer se ele foi agredido. Prefiro aguardar a avaliação do perito do IML", afirmou.

A polícia trabalha com três linhas de investigação: vingança, latrocínio ou queima de arquivo –esta última menos provável. Os investigadores não descartam a possibilidade de fazer uma reconstituição do crime, apesar da perícia –feita no sábado (26)– ter sido detalhada.

Na ocasião, foram recolhidos objetos com impressões digitais que podem ser dos criminosos.

No dia do crime, apenas um dos três invasores estava encapuzado e usava luvas. A polícia ainda investiga se haviam outros criminosos dando cobertura do lado de fora da casa.

ÁREA DE RISCO

Apesar do delegado ter dito que a região onde o coronel morava não é considerada de risco, a reportagem recebeu vários avisos de moradores para ter cuidado em alguns pontos do entorno da casa do oficial que são dominados pelo tráfico de drogas.

No dia do crime, os invasores deixaram a casa da vítima somente às 22h. A mulher do coronel chamou a PM, mas os policiais disseram à ela que não iriam ao local naquela hora da noite "porque ali é considerado uma área de risco".

Os PMs só chegaram à casa do militar na manhã do dia seguinte, às 8h.


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