Folha de S. Paulo


Costa procurou Graça Foster, mas acordo não saiu

Preso sob suspeita de integrar esquema de lavagem de dinheiro, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa procurou, depois de se aposentar, a diretoria e a presidente da estatal para implementar refinarias em parceria com sua empresa.

Graça Foster, presidente da Petrobras, admite ter recebido em janeiro deste ano uma carta de Costa, mas nega qualquer tipo de favorecimento ao ex-diretor, que propôs à estatal um termo de confidencialidade e "modelos de negócios".

A Petrobras não quis fornecer cópia do ofício no qual diz ter recusado formalmente as propostas de parceria.

Daniel Marenco - 25.abr.2014/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela PF na Operação Lava Jato
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela PF na Operação Lava Jato

A carta de Costa está entre os documentos apreendidos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro que cita fornecedores da Petrobras.

Nela, o ex-diretor diz que, após a aposentadoria, estava atuando como consultor e diz: "Graça, vejo que podemos ter alguns modelos de negócios a ser avaliado pela Petrobras".

Na carta, Costa informa que já fez contatos preliminares com a diretoria da Petrobras e sugere ideias à presidente da estatal, dizendo que "a definição final pode ser discutida e conversada". Entre elas, propõe processar e vender o petróleo fornecido a preço de mercado pela Petrobras ou ser contratado para negociar os produtos da estatal.

A Petrobras informou que Graça Foster recebeu a carta do ex-diretor, em 17 de janeiro deste ano, e que escalou o diretor de abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, para responder a Costa dizendo não ter interesse na proposta.

A Petrobras diz que a resposta, que ela se recusou a passar à reportagem, foi encaminhada no início de fevereiro e "informa sobre a inviabilidade de a companhia participar de qualquer um dos modelos propostos". A Petrobras não respondeu sobre outros documentos apreendidos pela PF que indicam que o ex-diretor era procurado para ajudar a conseguir negócios relacionados à estatal.

Colaborou FILIPE COUTINHO, de Brasília


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