Folha de S. Paulo


Ex-chefe de centro de repressão morreu em assalto

Em novembro de 2012, o coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78, que também atuou no aparato de repressão da ditadura, foi assassinado a tiros em uma tentativa de assalto em Porto Alegre.

Chefe do DOI-Codi (centro de repressão do Exército) do Rio de Janeiro durante o atentado a bomba no Riocentro, em 1981, o militar foi vítima de um crime comum, concluiu a Justiça, que já julgou e mandou para a prisão os envolvidos, todos policiais militares do Rio Grande do Sul.

Colecionador de armas, como Paulo Malhães, Molinas Dias, já viúvo, morava sozinho em uma casa na capital gaúcha. Ele foi abordado pelos bandidos, ainda no carro, quando chegava na sua residência, após ter ido visitar uma das filhas.

Conforme a investigação da polícia, o coronel reformado reagiu à abordagem dos criminosos e morreu baleado. Os PMs teriam recebido de uma faxineira a informação de que havia muitas armas na casa do militar.

Após a morte do coronel, as filhas dele repassaram à polícia os documentos da ditadura que estavam com o militar, como a guia de apreensão de objetos pessoais do ex-deputado Rubens Paiva no DOI-Codi (cuja morte teve a participação de Paulo Malhães), o relato manuscrito do próprio militar sobre o caso Riocentro e outras duas guias de entrada e saída de material explosivo do Exército na época do atentado.

Esses papeis, depois encaminhados à Justiça, ao Ministério Público Federal e à Comissão Nacional da Verdade, ajudaram a elucidar alguns dos aspectos ainda desconhecidos da prisão e morte de Rubens Paiva.

A morte de outros militares e agentes ligados à repressão causaram polêmica pela suspeita de serem crimes de "queima de arquivo".

Um dos casos mais polêmicos é a morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury, delegado da Polícia Civil de São Paulo que ganhou fama como um dos mais crueis torturadores da ditadura.

Fleury morreu no dia 1º de maio de 1979, em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Oficialmente, ele se escorregou numa lancha, bateu a cabeça e caiu no mar, morrendo afogado. Seu corpo foi enterrado sem ser submetido a uma autópsia.

Ex-agentes da repressão suspeitam que ele foi morto por saber demais.


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