Folha de S. Paulo


Pressionado pelo PT, deputado André Vargas pede sua desfiliação do partido

Pressionado pelo PT, o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) encaminhou carta nesta sexta-feira (25) ao diretório municipal de Londrina pedindo sua desfiliação do partido.

"Informo, ainda, que na data de hoje também realizarei a devida comunicação do meu desligamento do PT perante o Juzío Eleitoral da 146ª Zona Eleitoral de Londrina, por ser este meu local de inscrição, onde possuo domicílio eleitoral", diz a carta, encaminhada à Folha pelo deputado.

O pedido para Vargas deixar o partido surgiu após o parlamentar desistir de renunciar ao mandato alegando necessidade de se defender no cargo contra o processo de cassação por ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

Em nota divulgada na noite desta sexta, Vargas diz que agradece o partido "após vinte e quatro anos de uma relação que me concedeu oportunidades para servir ao meu estado e ao Brasil".

"Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa", afirma (leia a íntegra a seguir).

Sérgio Lima - 1º.abr.2014/Folhapress
O deputado federal André Vargas (PT-PR) durante discurso na Câmara, em Brasília
O deputado federal André Vargas (PT-PR) durante discurso na Câmara, em Brasília

Ex-vice da Câmara, Vargas começou a cair em desgraça na cúpula do partido após a Folha revelar que ele viajou em um "[jatinho emprestado"] por Youssef –o doleiro é acusado de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado ilegalmente R$ 10 bilhões.

Desde as revelações, Vargas se licenciou do mandato por 60 dias e, depois, anunciou a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara, formalizada depois de uma semana.

Vargas sofria pressão também para abrir mão do mantado e chegou a dizer que cederia. Depois, voltou voltou atrás.

Vargas irritou a cúpula do PT ao recuar na decisão de renunciar ao mandato na Câmara dos Deputados. Desde então, a cúpula do partido começou a defender publicamente que ele deixasse o cargo, sem sucesso.

Além disso, o PT promete instaurar uma comissão de ética no partido, que poderá resultar na expulsão do deputado da legenda. No entanto, a legenda alega não poder expulsá-lo, de forma sumária, porque o estatuto impede medidas assim.

O Planalto e o comando do partido insistem que a persistência dele em se manter no cargo prejudica a imagem da sigla e as campanhas à reeleição da presidente Dilma Rousseff e da senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), que deverá disputar o governo do Paraná contra o atual governador, o tucano Beto Richa.

Leia a nota de André Vargas:

Comuniquei oficialmente ao Partido dos Trabalhadores nesta manhã o meu desligamento da sigla, após vinte e quatro anos de uma relação que me concedeu oportunidades para servir ao meu estado e ao Brasil. Deixo registrado o meu sincero agradecimento. Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa. Confio na isenção, imparcialidade e tratamento isonômico da Câmara em relação ao meu caso, reafirmando a minha crença na Democracia e no Estado de Direito.

Reprodução
Carta de André Vargas em que ele se desliga do PT
Carta de André Vargas em que ele se desliga do PT

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