Folha de S. Paulo


PT pressiona Vargas a deixar o partido

Integrantes do PT mudaram de estratégia e, desde ontem, passaram a pressionar o deputado André Vargas (PR) a deixar o partido.

A cobrança vem de petistas do próprio Paraná, Estado de Vargas, e conta com a simpatia da cúpula do PT e do governo federal. Internamente, ele é considerado um "fardo" para a legenda.

O pedido surgiu após o parlamentar desistir de renunciar ao mandato alegando necessidade de se defender no cargo contra o processo de cassação por ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

Segundo a Folha apurou, o congressista não descartava essa alternativa.

Interlocutores do governo afirmam que o insucesso de petistas no convencimento de Vargas passa a ideia de que, apesar da pressão, o partido evita uma medida mais drástica por temer que ele inicie um processo de retaliação contra correligionários.

ESTATUTO

O partido, porém, alega não poder expulsá-lo, de forma sumária, porque o estatuto impede medidas assim.

Então vice-presidente da Câmara, Vargas começou a cair em desgraça na cúpula do partido após a Folha revelar que ele viajou em um jatinho emprestado por Youssef –o doleiro é acusado de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado ilegalmente R$ 10 bilhões.

Vargas também aparece nas investigações da PF tratando de um contrato de interesse do doleiro no Ministério da Saúde.

O petista renunciou à vice-presidência da Câmara e chegou a afirmar que deixaria o mandato para preservar seus filhos, mas acabou recuando.

Em resposta à resistência de Vargas, o PT promete instaurar uma comissão de ética no partido, que poderá resultar na expulsão do deputado da legenda.

O ex-presidente Lula chegou a dizer publicamente que a sigla não poderia "pagar o pato" por eventuais erros do parlamentar.

Interlocutores petistas também atestam que o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, tem repetido que a insistência do deputado em permanecer na Câmara prejudica a imagem da sigla e as campanhas à reeleição da presidente Dilma Rousseff e da senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), que deverá disputar o governo do Paraná contra o atual governador, o tucano Beto Richa.


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