Folha de S. Paulo


Pressionado, André Vargas renunciará a mandato de deputado

Pressionado pelos próprios colegas de partido a desistir de seu mandato na Câmara dos Deputados, o petista André Vargas (PR) renunciará ao cargo nesta terça-feira (15).

Um dos petistas que mais se destacaram na defesa dos colegas condenados no mensalão, Vargas caiu em desgraça após a revelação de suas ligações com o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato. "Eu me sinto triste", contou. Ele negou, porém, que sua decisão tenha sido motivada por pressão de seu partido. Afirmou somente que a renúncia é para preservar sua família e seu filhos.

Vargas já havia renunciado ao cargo de vice-presidente da Câmara.

Editoria de Arte/Folhapress

A Polícia Federal apura esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado de forma ilegal cerca de R$ 10 bilhões.

Vargas aparece em diálogos captados pela PF tratando com Youssef de um projeto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde. Além disso, conforme a Folha revelou, o petista usou um jato cedido pelo doleiro para passar férias com a família no Nordeste.

Após o caso vir à tona, André Vargas ficou isolado dentro de seu próprio partido e se licenciou do mandato por um período de 60 dias. Depois, anunciou a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara.

Até a semana passada, porém, ele resistia renunciar a seu mandato. Até àquela altura, a renúncia poderia evitar a cassação, o que, na prática, permitiria a Vargas eventualmente se candidatar de novo nas eleições de outubro. Vargas decidiu renunciar por avaliar que já foi condenado pela Câmara antes mesmo de seu processo ser investigado pelo Conselho de Ética da Casa.

"Não tem saída, vão continuar me sangrando até quando?", indagou ele em entrevista à Folha.

Sobre a Labogen, o laboratório ligado a Youssef, Vargas disse que se interessou "pelo projeto". "Achei que era bom para o país, era bom para a economia", afirmou.

"Nunca pedi nenhum favor nem advoguei."


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