Folha de S. Paulo


Alberto Youssef foi monitorado na cela, diz advogado de doleiro

O doleiro Alberto Youssef teve suas conversas monitoradas dentro de sua cela, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), segundo o seu advogado, Antônio Augusto Figueiredo Basto.

Ele entrou nesta quinta-feira (10) com um pedido na Justiça federal para que a suspeita de escuta seja investigada. Anexou ao pedido uma perícia, segundo a qual o doleiro teve suas conversas ouvidas por meio de um aparelho que usa chip de celular para transmitir as conversas em tempo real.

"É uma violação gravíssima das garantias individuais do acusado", disse Figueiredo Basto à Folha.

Reprodução
o doleiro Alberto Youssef, com equipamento que ele diz ter encontrado na cela
O doleiro Alberto Youssef, com equipamento que ele diz ter encontrado na cela

Escutas desse tipo só podem ser feitas com autorização judicial, o que não ocorreu no caso de Youssef, segundo a Folha apurou.

O doleiro foi preso no último dia 17 pela Operação Lava Jato, desencadeada pela PF do Paraná, sob acusação de comandar um esquema que movimentou R$ 10 bilhões, de acordo com estimativas dos policiais.

Ele também é investigado pelas relações suspeitas com o deputado André Vargas (PT-PR) e com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

O aparelho de escuta teria sido descoberto pelo próprio doleiro, no final de março, ainda de acordo com o advogado. Ele fez uma ata em cartório, registrando o achado.

"Não estou acusando ninguém, mas é um fato gravíssimo que precisa ser investigado", afirma.

Ele diz que há suspeitas de que os telefones dos advogados de seu escritório estão sendo monitorados.

Um dos indícios do monitoramento, de acordo com ele, foi uma revista feita na cela da PF na tarde desta quinta-feira.

Pouco antes de ter ingressado com o pedido na Justiça, o advogado diz que houve uma revista, acompanhada pelo alto escalão da PF no Paraná, o que não seria comum, na opinião dele.

A PF não quis comentar o pedido do advogado.

TRANSFERÊNCIA

A polícia pediu nesta quinta a transferência de Youssef e Carlos Habib Chater, também acusado de ser doleiro, para o presídio federal de Catanduvas (PR).

O presídio de Catanduvas é usado para presos de alta periculosidade, como o megatraficante Fernandinho Beira-Mar.

No pedido, a PF alega que a carceragem de sua superintendência é inadequada para os doleiros presos.

O advogado disse que o pedido "é absurdo": "Eles não são criminosos de alta periculosidade para ir para um presídio de segurança máxima. Parece retaliação contra o meu cliente. É uma medida desnecessária e abusiva".


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