Folha de S. Paulo


À espera da exoneração, funcionários de Vargas fecham escritório no PR

Abatimento e desinformação marcavam o clima, na manhã desta quarta-feira (9), no escritório de representação parlamentar em Londrina (PR) do deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR).

Após a licença, a Câmara dos Deputados comunicou aos quatro secretários parlamentares de Vargas que atuam em Londrina que eles seriam exonerados dos cargos –os atos deverão ser publicados nesta quinta-feira (10).

"Não sabemos ainda o que vamos fazer. O fato é que estamos desempregados. Fecharemos o escritório ainda hoje", disse a jornalista Meire Bicudo, secretária parlamentar responsável pela assessoria de imprensa do deputado no norte do Paraná.

"Como se trata de uma licença, não paramos para pensar. Vamos esperar para ver o que o André fará nos próximos dias. Quando ele vier a Londrina, conversaremos", afirmou a assessora.

Vice-presidente da Câmara, Vargas anunciou, no início da semana, que se licenciaria do cargo, de forma não remunerada, por 60 dias, para tratar "assuntos pessoais". O petista está sob pressão por revelações sobre sua ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal.

O Conselho de Ética da Câmara instaurou nesta quarta-feira (9) o processo disciplinar contra Vargas para apurar várias denúncias, entre elas, a relação do petista com o doleiro.

O escritório de Vargas em Londrina, sua base política, funcionava em duas salas em uma torre comercial no centro da cidade. No complexo que possui um pequeno shopping e um movimentado café no térreo, poucas pessoas visitavam as salas do deputado, segundo funcionários do prédio consultados pela Folha.

O petista está sob intensa pressão desde que a Folha revelou que uma viagem sua de jatinho, de Londrina a João Pessoa, com familiares, foi paga pelo doleiro Alberto Youssef, que está preso. Em conversas ontem, Vargas afirmou que não pode ser ''massacrado'' pelo fato de ter utilizado o avião.

Wilhan Santin/Folhapress
Prédio onde funciona o escritório político do deputado André Vargas (PT), em Londrina (PR)
Prédio onde funciona o escritório político do deputado André Vargas (PT), em Londrina (PR)

Anteontem, a Justiça Federal do Paraná enviou para o STF (Supremo Tribunal Federal) parte da investigação da Operação Lava Jato que contém mensagens e diálogos do deputado com Youssef.

A Polícia Federal diz que Youssef é um dos chefes de esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões de forma suspeita. A Labogen, afirma laudo da PF, foi usada pelo doleiro para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões ao exterior.

Após o pedido de licença, Vargas perde os salários e as verbas de gabinete. O deputado licenciado empregava 19 secretários parlamentares no seu gabinete em Brasília e em outros escritórios no Paraná.

Os salários dos secretários parlamentares variam de R$ 845 a R$ 12.940. Cada deputado federal pode ter entre 5 e 25 desses funcionários, gastando, no máximo, R$ 78 mil por mês.

Segundo a assessoria da Câmara, os pagamentos são interrompidos imediatamente após a licença ser recebida pela Mesa Diretora da Casa. Como os secretários parlamentares não são concursados, não possuem direito a aviso prévio. Podem, contudo, ser recontratados caso o deputado retome o mandato após a licença.


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