Folha de S. Paulo


PSDB deixa governo de Minas sem cumprir meta de Aécio

Conhecido pelo perfil técnico, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), deixou o cargo ontem rumo a uma missão política: manter os tucanos no poder no Estado e trabalhar pela eleição de Aécio Neves à presidência.

Anastasia, que sucedeu Aécio no cargo, coordenará o programa de governo do futuro candidato ao Planalto e, ainda que a contragosto, deve ser candidato ao Senado.

"Renuncio para poder assumir outras responsabilidades. Essa renúncia, porém, não significa deserção a meu compromisso fundamental de defender a causa mineira", disse ele ontem.

Gil Leonardi - 3.abr.2014/Imprensa MG
O ex-governador mineiro Antônio Anastasia, em seu último dia no Palácio Tiradentes
O ex-governador mineiro Antônio Anastasia, em seu último dia no Palácio Tiradentes

A saída do tucano marcou também o fim de 11 anos e três meses de governos do PSDB em Minas. O partido passou o bastão ao PP deixando em aberto a promessa de reduzir as diferenças regionais.

As três gestões tucanas sucessivas começaram em 2003 com Aécio, que ao tomar posse prometeu reduzir o fosso econômico e social entre as regiões do Estado.

"É com essa aspiração de diminuir as diferenças que darei atenção especial a programas de desenvolvimento para o norte de Minas e os vales do Jequitinhonha e do Mucuri", discursou na ocasião.

Dados de 2011, porém, mostram que a fatia dessas regiões no PIB do Estado caiu desde 2003, agravando a disparidade regional –foi de 4% para 3,8% na região norte e de 1,9% para 1,8% no Jequitinhonha/Mucuri.

A era Aécio-Anastasia produziu avanços em educação, infraestrutura viária e na organização e planejamento do Estado. Na educação fundamental, por exemplo, Minas assumiu a liderança no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

GARGALOS

Permanecem desafios como o da diversificação da economia, ainda dependente da mineração e da agricultura. O próprio Anastasia reconheceu a segurança como "grande gargalo" da gestão.

Nos 11 anos de governo tucano, Minas Gerais experimentou momentos distintos. De 2003 a 2010 houve queda significativa nos indicadores de violência, que retomaram trajetória de alta nos últimos anos.

Anastasia deixa o governo com aprovação de 49% (ótimo/bom), conforme pesquisa Ibope de dezembro. Em agosto de 2010, essa mesma taxa era de 52%. No caso de Aécio, a três meses de deixar o cargo, em dezembro de 2009, a aprovação alcançava 73%, segundo o Datafolha.

A dupla Aécio-Anastasia tentará agora alçar voo nacional. Se Aécio eventualmente for eleito presidente, Anastasia será um dos seus principais ministros.

Editoria de Arte/Folhapress

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