Folha de S. Paulo


João Paulo vira 'estagiário' no 1º dia de trabalho após prisão

Beto Barata/Folhapress
João Paulo Cunha, condenado no julgamento do mensalão, trabalhando em escritório de advocacia
João Paulo Cunha, condenado no julgamento do mensalão, trabalhando em escritório de advocacia

Contratado por um escritório de advocacia em Brasília, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP) deixou ontem a prisão para se apresentar no novo trabalho.

Condenado a 6 anos e 4 meses de prisão no processo do mensalão, o petista tem direito ao regime semiaberto –que o permite deixar a cadeia durante o dia para trabalhar.

Sua primeira tarefa no escritório de Luís Alexandre Rassi e Pedro Paulo Guerra de Medeiros foi digitar um recurso feito por uma advogada que, avessa a computador, só usa máquina de escrever.

Diferentemente do que determina o contrato de trabalho, João Paulo não chegou às 8h no escritório. O atraso se deu porque o ex-deputado passou a manhã fazendo uma prova relacionada a um dos cursos de formação a que se inscreveu dentro do presídio.

Quando chegou ao escritório, no início da tarde, seu chefe já havia tinha planos para ele: cadastrar processos num sistema de tecnologia da informação recentemente adquirido pelo escritório. "Até cadastrar tudo, acredito que João Paulo levará um mês", disse Rassi.

O advogado recebeu, porém, a visita de uma colega de Manaus, Sulamita Augusta, com quem trabalha num caso de família. Avessa ao uso de computadores, ela precisava da ajuda de algum funcionário do escritório para digitar um recurso, tarefa normalmente reservada a estagiários.

Rassi destacou João Paulo para ouvir Augusta, que passou a tarde lhe ditando o recurso que precisava ser digitado para apresentação no Superior Tribunal de Justiça.

Entre o auxílio em tarefas rotineiras e a missão inicial de cadastrar processos, Rassi disse que gostaria que João Paulo fizesse pequenos serviços bancários. O escritório está numa torre comercial dentro de um shopping onde há um banco no térreo.

"Mas, para isso, vou consultar antes a Vara de Execuções Penais", afirmou.

Pelo trabalho no escritório, João Paulo receberá R$ 1,5 mil por mês e, para cada três dias trabalhados, poderá abater um de sua pena. Se, além do trabalho, o ex-deputado estiver estudando, poderá migrar para o regime aberto após oito meses de detenção.


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