Folha de S. Paulo


Renan fará hoje leitura do pedido de criação da CPI da Petrobras no Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira (1°) que pretende fazer a leitura do pedido de criação da CPI da Petrobras na sessão plenária da Casa marcada para esta tarde.

Apesar de afirmar que ainda vai consultar senadores aliados do governo e da oposição sobre o pedido de criação da CPI, Renan disse que pretende construir uma posição "convergente" entre os partidos sobre o rumo das investigações.

"Na minha cabeça está a possibilidade de ler o requerimento às 16 horas, mas antes vou conversar com setores do governo e da oposição e construir com eles uma convergência pelo menos em relação ao encaminhamento", afirmou.

Renan disse que ainda não recebeu formalmente o pedido de criação da CPI, por isso espera que as conversas ao longo do dia lhe direcionem sobre o que será feito em relação à comissão de inquérito.

"O que a oposição vai fazer ou a bancada do governo também vai fazer só sabemos quando eles materializam as intenções. Por enquanto, essas coisas estão no plano das intenções", completou.

Para que a CPI seja criada, Renan precisa fazer a leitura do requerimento assinado por 29 senadores, apresentado pela oposição na semana passada. Os senadores que assinaram o pedido têm até a meia-noite do dia da leitura para retirarem apoio à comissão de inquérito, que só pode ser instalada se pelo menos 27 mantiverem as assinaturas.

Depois da leitura no plenário, os líderes partidários têm o prazo de 15 dias para indicar os membros que vão integrar a CPI. A comissão só é efetivamente instalada na primeira reunião de trabalhos, quando são eleitos o presidente e o relator.

Apesar da disposição de Renan em fazer a leitura, a oposição desistiu de pressionar o presidente do Senado para instalar a CPI porque vai priorizar a comissão mista de inquérito, com a participação de deputados e senadores.

Os oposicionistas vão recomeçar a coleta de assinaturas na Câmara para instalar a CPI mista da Petrobras. Deputados e senadores do DEM e PSDB acreditam que terão até amanhã (2) as 171 assinaturas necessárias na Câmara. Por isso consideram desnecessário cobrar que Renan crie a comissão apenas do Senado porque a prioridade dos oposicionistas é a CPI mista.

"Seria uma energia gasta impunemente. É mais eficiente uma CPI mista. De que adianta você pressionar o presidente do Senado se estamos em vias de conseguir a comissão mista?", questionou o presidente do DEM, senador José Agripino (RN).

PRESSÃO

Inicialmente, senadores do PSDB e DEM tinham prometido fazer sucessivos discursos na sessão da tarde de hoje para pedir que Renan lesse o requerimento criando a CPI do Senado. Mas agora avaliam que, com a participação dos deputados, terão mais "poder de fogo" para atacar a presidente Dilma Rousseff em ano eleitoral.

"Isso é em respeito aos deputados que querem participar das investigações", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Apesar de deixar a CPI do Senado em "banho maria", os oposicionistas afirmam que não vão desistir da sua instalação se a comissão mista não vigorar.

A oposição já tinha conseguido 190 assinaturas na Câmara para a CPI mista, recolhida pelo PPS. Mas o foco das investigações é diferente do apresentado na CPI do Senado pelo PSDB, por isso os congressistas vão recomeçar a coleta de assinaturas para que, nas duas Casas, a comissão de inquérito tenha o mesmo objeto.

A CPI mista quer investigar a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, além do suposto superfaturamento de refinarias, irregularidades em plataformas e a suspeita de que empresa holandesa pagou propina a funcionários da estatal. A previsão é que dure 180 dias.

"Vamos fazer um único pedido para evitar questionamentos. CPI é sempre positiva nesse caso para arrombarmos essa caixa preta. A CPI tem o peso político maior se for do Congresso", disse o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP).


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