Folha de S. Paulo


Ato lembra 50 anos do golpe e pede punição a torturadores da ditadura

Danilo Verpa/Folhapress
EM SP, manifestantes pedem que torturadores sejam punidos
Em SP, manifestantes seguram cartazes com imagens de vítimas do regime militar

Um grupo de manifestantes participa nesta segunda-feira (31) de um ato unificado na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, para exigir a punição dos torturadores, assassinos e ocultadores de cadáveres durante a ditadura militar (1964-1985)

De acordo com a Polícia Militar, cerca 400 pessoas participam do ato "Ditadura Nunca Mais: 50 anos do golpe militar" em frente ao 36º DP, sede do antigo DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna), um dos principais centros de repressão e tortura da ditadura.

Os manifestantes seguram cartazes com imagens de vítimas do regime militar e pedem punição aos torturadores. Segundo pesquisadores, 46 presos políticos foram mortos no DOI-Codi paulista, entre eles o jornalista Vladimir Herzog, em 1975.

O pré-candidato ao governo paulista e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) também participa do ato na Vila Mariana. O pai de Padilha ficou 11 meses sob tortura. Em artigo publicado na seção "Tendências/Debates", o petista conta que estava prestes a completar oito anos de idade quando abraçou o pai pela primeira vez.

"Até então, a ditadura nos havia mantido afastados. Meu pai ficou 11 meses sob tortura. Um tempo depois de sair da prisão, teve de partir para o exílio, quando minha mãe já estava grávida de mim. Depois da anistia, ele pôde voltar ao Brasil. Foi quando o vi chorar pela primeira vez", escreveu Padilha.

"As práticas de repressão e de violência de Estado que marcaram o período autoritário ainda permanecem ocorrendo contra a população pobre e negra da periferia, bem como contra as manifestações populares que têm sido realizadas e todo o país", diz nota dos organizadores do evento.

O local do protesto deve ser convertido em um lugar de memória. Desde 2010, há um pedido de tombamento do DOI-Codi paulista em estudo no Condephaat, conselho estadual do patrimônio histórico. A análise inclui os cinco prédios do lote, inclusive o 36º DP.


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