Folha de S. Paulo


Dilma acelera viagens, e ritmo atual supera média de Lula

A pouco mais de seis meses para as eleições, a presidente Dilma Rousseff intensificou o ritmo de viagens neste mês de março, com média de uma cidade visitada a cada dois dias.

Com os compromissos nesta terça-feira (25) em São José dos Campos e Bauru, no interior de São Paulo, onde inaugura obras e entrega unidades do programa Minha Casa Minha Vida, Dilma terá visitado 11 cidades apenas neste mês.

O número, apurado a partir das agendas oficiais da presidente, ainda pode subir, já que há previsão de viagem nesta semana a municípios de Mato Grosso.

Março de 2014 já é o segundo mês com o maior número de viagens de Dilma pelo país desde o início da gestão. A quantidade de compromissos fora de Brasília neste mês fica atrás apenas de agosto de 2011, quando a presidente fez 14 visitas a cidades pelo país, incluindo repetições, e equivale ao número de fevereiro de 2012, também com 11 cidades visitadas.

Joel Silva/Folhapress
A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia para início da construção de 1.461 unidades habitacionais, em São José dos Campos
A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia do Minha Casa Minha Vida, em São José dos Campos

O ritmo de viagens nacionais de Dilma neste mês supera a média dos deslocamentos no país feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos oito anos de seu governo (2003-2010).

A média da presidente em março de 2014 é de uma cidade visitada a cada 2,27 dias – no caso de Lula, que carregou durante seu mandato a assumida fama de caixeiro-viajante, o ritmo foi de uma cidade a cada 3,31 dias.

Em relação ao seu próprio mandato, a média de Dilma no primeiro trimestre deste ano de eleição (faltando ainda seis dias para acabar), já supera a dos anos anteriores. Foi de uma viagem a cada 3,81 dias em 2014, ante uma a cada 5,09 dias desde o início de seu governo.

Editoria de Arte/Folhapress

AGENDA CHEIA

Com o aumento no ritmo de viagens, a presidente chega a participar de eventos em até três cidades no mesmo dia, como no último dia 20, quando esteve em Belém, Marabá (PA) e Imperatriz (MA).

Tradicionalmente, chefes do Executivo costumam antecipar para o início do ano eleitoral a maratona de inaugurações de obras públicas, já que a legislação veda a participação de candidatos nesses eventos nos três meses que antecedem as eleições.

A oposição, contudo, critica o que aponta como uso da máquina pública para garantir visibilidade à presidente em detrimento de seus rivais. "Ela está em campanha permanente. Inaugura pedra fundamental, visita coisas pequenas, faz pré-campanha eleitoral para manter índices nas pesquisas de opinião", afirmou o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN).

O deputado federal Vicentinho (SP), líder do PT na Câmara, rechaçou as críticas e disse que as viagens são todas justificáveis. "São inaugurações importantes, obras previstas independentemente do período eleitoral, e a presidente sabe que o contato direto com o povo é a coisa mais importante para um governo popular", afirmou.

PALANQUES

Entre as agendas de Dilma fora da sede do governo, destacam-se entregas de equipamentos agrícolas, inaugurações de unidades do Minha Casa Minha Vida e anúncios de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), entre outros.

Os discursos da presidente não têm se limitado ao tema dos atos. Ao lado de governadores, prefeitos e pré-candidatos governistas, Dilma aproveita os palanques para enaltecer outras ações do governo federal, numa amostra do que deverá ser seu discurso de campanha.

Durante entrega de máquinas em Marabá (PA) no dia 20, por exemplo, ela citou programas que não tinham relação com o motivo da viagem, mas que são apostas eleitorais do Planalto, como Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos e Pronatec.

As agendas presidenciais também aumentam a exposição de nomes governistas, como a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), pré-candidata ao governo do PR que na semana passada esteve ao lado de Dilma no Paraná. A reportagem questionou a Presidência sobre o motivo do aumento no ritmo de viagens de Dilma, mas não teve resposta.


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