Folha de S. Paulo


Eduardo Campos defende CPI para investigar Petrobras

Em meio a suspeitas envolvendo contratos feitos pela Petrobras, o virtual candidato à Presidência da República e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu a abertura de uma CPI para investigar a empresa caso o governo não dê os esclarecimentos necessários.

"Caso esses esclarecimentos não sejam suficientes, aí nós entendemos que vai ser o caso de se pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI]", disse o governador nesta segunda-feira (24).

A afirmação representa uma elevação no tom das críticas de Campos ao episódio. Na quinta passada (20), ele afirmou no Twitter: "O Brasil está perplexo diante das últimas notícias veiculadas sobre a Petrobras (...) Uma negociação que teria lesado a maior empresa brasileira, o maior patrimônio do país, em mais de um bilhão de dólares".

No sábado (22), Campos sugeriu que o governo planeje desvalorizar a Petrobras intencionalmente. "Em três anos, a Petrobras vale a metade do que valia e deve quatro vezes mais do que devia. Às vezes fico seriamente desconfiado se isso não faz parte de um jogo para desvalorizar a Petrobras e vendê-la."

Reportagens do jornal "O Estado de S. Paulo" apontaram suspeitas de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e o perdão de uma dívida da Venezuela nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O governador lembrou que congressistas de seu partido tomam providências para que a estatal seja investigada. "Não queremos 'eleitoralizar' esse debate. Queremos ter muito cuidado para não prejudicar ainda mais a Petrobras, que já foi tão prejudicada por tudo o que aconteceu. Mas, por outro lado, não podemos ficar sem ter as respostas adequadas", disse.

Campos se soma aos tucanos que também pleiteiam a abertura de uma CPI para investigar a estatal. No domingo (23), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou atrás e defendeu a abertura de uma CPI. Até sexta-feira (21), FHC não era favorável à iniciativa no Congresso Nacional.

Com isso, o PSDB, antes reticente quanto à exploração política do caso, recebeu o aval do ex-presidente para ampliar as apurações além dos "mecanismos do Estado" antes defendidos pela sigla.

CAMPANHA

O evento do governo de Pernambuco em homenagem ao Dia Internacional da Mulher ganhou ares de campanha política. O presidenciável Eduardo Campos chegou ao Centro de Convenções de Pernambuco parando para abraços e fotos.

A carga política veio nos discursos que antecederam a fala do governador, que teve sua "sensibilidade feminina" exaltada pelas mulheres que foram à tribuna. "Levaremos essa política [de luta pelos direitos das mulheres] a uma instância nacional em 2015", disse a vereadora Narah Leandro (PSB), do município de Santa Cruz do Capibaribe.

O discurso mais panfletário foi o da secretária Cristina Buarque (Mulher). Antes de declarar sua fidelidade ao governador e chamá-lo de "meu futuro presidente da República", ela defendeu que "essa democracia que pulsa aqui precisa pulsar nacionalmente" e criticou o governo federal.

"Não temos avançado nessa política [da mulher] no resto do Brasil nem no nível federal. Todas vocês aqui estão conscientes disso: nós não avançamos nesses últimos quatro anos nessa política em nível federal. Peço a vocês, mulheres, que tenham a justiça consigo mesmas e não fiquem encobrindo o que não pode ser encoberto. Porque nos fará mal."

O evento também serviu para cobranças. A aposentada Josefa de Oliveira, 67, veio do município de São Vicente Férrer (a 117 km do Recife) para abraçar o governador e também fazer pedidos. Chorando, abordou o governador e entregou uma caderneta onde disse ter escrito a história de sua família e os problemas da cidade em que vive.

"Conheço ele [Campos] e o avô dele [o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005)]. Já servi muito vinho a doutor Arraes. Gosto deles e eles almoçaram muitas vezes na minha casa", afirmou. "Pedi a ele para melhorar a estrada, a saúde e a segurança, que os assaltos são constantes. A gente não pode abrir a porta que os bandidos assaltam", disse a aposentada.


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