Folha de S. Paulo


PSDB diverge sobre criação da CPI da Petrobras

Na tentativa de evitar um isolamento no partido, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, trabalha desde sexta-feira (21) para convencer lideranças tucanas a apoiarem a criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras no Congresso Nacional para investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela empresa estatal.

Na sexta-feira, o ex-governador José Serra fez coro ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse não ser, por enquanto, favorável à iniciativa no Congresso Nacional. Na manhã deste sábado (22), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que, se houver uma boa investigação, não há necessidade de abertura de uma CPMI.

Em busca de apoio, Aécio telefonou na noite de sexta para o ex-presidente e, na manhã de sábado, reuniu-se em particular com o governador de São Paulo, em Campos do Jordão (SP). Nas conversas, afirmou que a bancada do PSDB no Congresso Nacional é unânime no apoio à iniciativa e está disposta, assim como o PPS e o DEM, a abrir uma investigação.

Segundo a Folha apurou, FHC e Alckmin não recuaram da posição, mas concordaram que cabe ao Congresso Nacional tomar a decisão.

"A minha posição, como presidente nacional do partido, é de que devemos investigar. Se tivermos condição de constituir uma CPMI, nós vamos fazê-lo. E eu acho que a decisão de demissão do Nestor Cerveró [ex-diretor da área internacional da Petrobras] é uma decisão covarde do governo. É a história da corda que rompe no lado mais fraco. E as outras pessoas envolvidas nisso?", afirmou o tucano, ao participar do 58º Congresso Estadual de Municípios, em Campos do Jordão (SP).

No evento, o dirigente do PSDB minimizou as divergências na sigla sobre o tema e disse que a abertura de uma investigação no Congresso Nacional é um "sentimento majoritário" no partido. Ele ressaltou ainda que é "praticamente unânime" na bancada federal do PSDB a opinião de criação de uma CPMI.

"Cada um tem a sua posição. Eu acho que quem está no Congresso Nacional, nesse enfrentamento e buscando uma apuração, tem esse sentimento. Esse é o sentimento majoritário no partido", afirmou.

Na terça-feira, o tucano anunciou que irá reunir líderes de diferentes siglas, entre elas PSOL e PSB, para articular a criação de um bloco favorável à criação do CPMI. Ele ressaltou que pedirá apoio inclusive em partidos da base de apoio do governo federal.

"Nós vamos colher as assinaturas. São 27 no Senado Federal e 171 na Câmara dos Deputados. Na terça-feira, vamos nos reunir para buscar essas assinaturas. Nós precisaremos da colaboração de setores que estão na base (aliada), mas eu, quando fui à tribuna na quarta-feira, para falar sobre esse caso, houve manifestações de lideranças da base, que querem também apuração nessas investigações. ", afirmou.


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