Folha de S. Paulo


Padilha vai capitalizar insatisfação de prefeitos e endurecer críticas à Sabesp

Em meio à crise hídrica que atinge São Paulo, o pré-candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha, vai capitalizar a insatisfação de prefeitos paulistas e endurecer as críticas contra a Sabesp, que, segundo o petista, foi incapaz de investir em obras para aumentar a oferta de água para a população.

A Folha apurou que durante o discurso no 58º Congresso Estadual de Municípios, na noite desta quinta-feira (20), em Campos do Jordão (SP), Padilha citará o lucro de R$ 1,9 bilhão que a companhia teve em 2012 e dirá que o dinheiro poderia ter sido investido em obras de infraestrutura para evitar o atual racionamento de água em diversas regiões do Estado.

Em deferência aos prefeitos, Padilha falará sobre "a maneira discriminatória com que a Sabesp vem tratando os municípios paulistas" e utilizará como exemplo o episódio do prefeito de Guarulhos (SP), Sebastião Almeida (PT), que foi comunicado sobre o corte de água na cidade na semana passada via e-mail e com um dia de antecedência.

À época, a Sabesp informou em nota ter realizado reunião no início de fevereiro com os municípios que compram água por atacado da companhia para tratar da "situação de crise hídrica", e que representantes de Guarulhos estavam presentes.

Convidada para o mesmo encontro do qual Padilha participará à noite, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, não compareceu ao evento pela manhã e enviou em seu lugar o diretor de Sistemas Regionais da companhia, Luiz Paulo Almeida Neto.

Informado sobre a ausência e a insatisfação de grande parte dos prefeitos presentes, que consideram a postura da Sabesp "impositiva" diante da crise de água, Padilha espera grande receptividade com seu tom mais crítico.

Zanone Fraissat/Folhapress
Padilha grava especial sobre água para sua campanha eleitoral na represa Billings
Padilha grava especial sobre água na represa Billings para sua campanha eleitoral

SOBREVOO DA REPRESA BILLINGS

Após participar de um evento em Bertioga, litoral norte de São Paulo, Padilha sobrevoou de helicóptero a represa Billings, um dos maiores reservatórios de água da região metropolitana da capital. Acompanhado de uma equipe de foto e filmagem, o petista gravou depoimentos para um especial que será veiculado no Dia Nacional da Água, comemorado no sábado (22), no site da Caravana Horizonte Paulista.

No discurso que usará no programa, Padilha criticará "a falta de planejamento e sinceridade" do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para criar obras significativas que aumentem a produção e distribuição de água e que, segundo ele, poderiam ter evitado a atual crise hídrica no Estado.

O petista falará também sobre a falta de tratamento de esgoto e interligação entre os vários reservatórios, que poderiam, ainda de acordo com Padilha, resolver os problemas de racionamento. "Metade do esgoto do Estado de São Paulo não é tratado e isso é um desperdício", dirá ele.

PEDIDO DE DILMA

Durante a campanha, as críticas mais abrangentes sobre a falta de infraestrutura estarão presentes tanto para o sistema hídrico de São Paulo como para o sistema de transporte e segurança pública.

Ontem, a Folha noticiou que a presidente Dilma Rousseff é contra os ataques diretos a Alckmin, principalmente no que diz respeito ao racionamento de água, e prefere as críticas mais genéricas.

Isso porque o governo federal enfrenta uma crise no setor energético e, na última semana, anunciou um pacote de socorro às distribuidoras de energia no valor de R$ 12 bilhões para equilibrar as contas. O valor será dividido entre o consumidor e o Tesouro e as tarifas devem sofrer reajuste em 2015.

Questionado sobre o assunto, Padilha afirmou que "não existe qualquer paralelo entre o que foi feito nos últimos dez anos pelo governo federal em termos de energia e o que faltou ser feito em São Paulo para garantir a água".

"Dilma é uma pessoa que, quando quer falar, fala e explicita sua opinião com franqueza e publicamente. Aprendi a saber quando é a opinião da Dilma quando é a fala dela, e não quando as pessoas comentam posições que supostamente ela teria falado", declarou o petista.


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