Folha de S. Paulo


Reformas de base ainda fazem falta ao país, diz filho de Jango

No aniversário de 50 anos do Comício da Central do Brasil, o filho do presidente João Goulart, João Vicente Goulart, disse nesta quinta-feira (13) que o país ainda espera as reformas de base anunciadas por seu pai e abortadas pelo golpe militar de 1964.

Em seminário no Rio, ele criticou o ritmo da reforma agrária feita pelo governo federal, os lucros dos bancos e a atuação das empresas privadas de telefonia. O filho de Jango disse que seu governo foi derrubado porque ele enfrentava um "sistema econômico perverso, que mantinha na exclusão boa parte da população brasileira".

"Devemos, cada vez mais, buscar no passado as respostas para o desenvolvimento do país. Cinquenta anos depois, as reformas estruturais do presidente João Goulart -as reformas agrária, tributária, educacional e urbana e a lei da remessa de lucros- são propostas que este país ainda precisa rever com cuidado para continuar avançando", afirmou João Vicente.

"A reforma agrária, que Jango propunha em 1964, está empacada hoje. Estamos confundindo reforma agrária com reforma fundiária, que é apenas colocar contingente humano em zonas distantes, sem escoamento e sem assistência técnica", disse o filho do ex-presidente.

A ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart, que subiu ao palanque no comício de 13 de março de 1964, disse que foi ao ato porque temia um atentado contra Jango. "Eu estava com muito medo. Havia a ameaça de que pudessem fazer alguma coisa contra o Jango. Eu nunca ia a comício nenhum, mas decidi ir por causa disso", contou.

A família Goulart participa nesta quinta-feira do seminário "O Brasil que perdemos com o golpe militar", no campus da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no Maracanã (zona norte).

O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous, e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também discursaram a favor do programa das reformas de base. A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) era aguardada no seminário, mas não compareceu.

À tarde, partidos de esquerda e movimentos sociais farão um ato político em frente à Central do Brasil para lembrar o comício de Jango.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: